sexta-feira, 29 de junho de 2012

Jesus cura um leproso


Leitura Orante
Mt 8,1-4


Jesus desceu do monte, e muitas multidões o seguiram. Então um leproso chegou perto dele, ajoelhou-se e disse:
- Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser.
Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse:
- Sim, eu quero. Você está curado.
No mesmo instante ele ficou curado da lepra. Então Jesus lhe disse:
- Escute! Não conte isso para ninguém, mas vá pedir ao sacerdote que examine você. Depois, a fim de provar para todos que você está curado, vá oferecer o sacrifício que Moisés ordenou.

Jesus reintegra o excluído

Jesus veio não para o "pequeno resto de Israel", como se consideravam as elites religiosas de Jerusalém, mas para a comunicação e a comunhão com as multidões. Todos os quatro evangelistas mencionam continuamente a presença de Jesus entre estas multidões, tanto de gentios como de judeus, acolhendo-as, deixando-se tocar por elas e as tocando, dirigindo-lhes a palavra e resgatando-lhes a vida e a dignidade.
O leproso que se aproxima de Jesus, caindo de joelhos, pede por sua purificação. A lepra era caracterizada pela impureza e não pela doença, incorrendo nas exclusões legais. O leproso devia afastar-se das comunidades, viver isolado, com vestes rasgadas e má aparência, gritando: "Impuro, impuro..." (Lv 13,44-46), e quem o tocasse tornar-se-ia também um impuro. Jesus toca o leproso, transgredindo a lei, porém, em vez de tornar-se impuro, é o leproso que é purificado. Jesus, compassivo, conscientemente despreza a estrutura religiosa legalista e excludente, emanada do Templo de Jerusalém e das sinagogas, desobedecendo e removendo seus critérios. Jesus reintegra o excluído pelo sistema legal religioso, infringindo os preceitos e normas deste sistema.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quem ouve e quem não ouve a Palavra


Leitura Orante
Mt 7,21-29


- Não é toda pessoa que me chama de "Senhor, Senhor" que entrará no Reino do Céu, mas somente quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu. Quando aquele dia chegar, muitas pessoas vão me dizer: "Senhor, Senhor, pelo poder do seu nome anunciamos a mensagem de Deus e pelo seu nome expulsamos demônios e fizemos muitos milagres!" Então eu direi claramente a essas pessoas: "Eu nunca conheci vocês! Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal!"
- Quem ouve esses meus ensinamentos e vive de acordo com eles é como um homem sábio que construiu a sua casa na rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e o vento soprou com força contra aquela casa. Porém ela não caiu porque havia sido construída na rocha.
- Quem ouve esses meus ensinamentos e não vive de acordo com eles é como um homem sem juízo que construiu a sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e o vento soprou com força contra aquela casa. Ela caiu e ficou totalmente destruída.
Quando Jesus acabou de falar, as multidões estavam admiradas com a sua maneira de ensinar. Ele não era como os mestres da Lei; pelo contrário, ensinava com a autoridade dele mesmo.

Que todos tenham vida em abundância

Com uma sentença muito clara e uma parábola singela, Jesus encerra o Sermão da Montanha, conforme apresentado no evangelho de Mateus. A invocação "Senhor! Senhor!" sugere uma piedade cultual que por si só é inconsequente. A piedade se concretiza no agir de acordo com as palavras de Jesus, que revelam a vontade do Pai. E a vontade do Pai, Deus de amor, é que todos tenham vida em abundância, usufruindo dos bens da criação, eliminando-se as cercas e os muros que protegem as minorias privilegiadas e relegam as maiorias ao empobrecimento e à exclusão.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Como reconhecer os falsos profetas


Leitura Orante
Mt 7,15-20


- Cuidado com os falsos profetas! Eles chegam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens. Vocês os conhecerão pelo que eles fazem. Os espinheiros não dão uvas, e os pés de urtiga não dão figos. Assim, toda árvore boa dá frutas boas, e a árvore que não presta dá frutas ruins. A árvore boa não pode dar frutas ruins, e a árvore que não presta não pode dar frutas boas. Toda árvore que não dá frutas boas é cortada e jogada no fogo. Portanto, vocês conhecerão os falsos profetas pelas coisas que eles fazem.

Os bons frutos


Esta advertência, bastante contundente, contra os falsos profetas, como alguém pouco conhecido que vem de fora da comunidade, permite que se pense que, em sua origem, ela tenha sido pronunciada contra os fariseus, com sua doutrina enganosa. João Batista, em sua pregação dirigida aos fariseus e saduceus, já havia usado a metáfora da árvore e seus frutos. "Produzi fruto digno de arrependimento... toda árvore que não produzir bom fruto será cortada e lançada ao fogo" (Mt 3,8.10). Mateus incorpora esta advertência no Sermão da Montanha, neste bloco de orientações internas para as comunidades de discípulos.
Percebe-se que havia nas comunidades de Mateus alguns problemas de comportamento. As duas metáforas, a dos lobos vestidos de ovelhas e a da árvore e seus frutos, são advertências sobre as falsas aparências que ocultam a realidade. Não são as solenes profissões de fé ortodoxa, ou as palavras agradáveis que importam, mas sim a autenticidade e veracidade da conduta.
Os verdadeiros profetas que anunciam a presença de Deus no meio do povo dão frutos de serviço, acolhida, respeito, compaixão e promoção da vida, tecendo os laços do amor e da paz entre os povos.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

"Não julguem"

Leitura Orante
Mt 7,1-5

- Não julguem os outros para vocês não serem julgados por Deus. Porque Deus julgará vocês do mesmo modo que vocês julgarem os outros e usará com vocês a mesma medida que vocês usarem para medir os outros. Por que é que você vê o cisco que está no olho do seu irmão e não repara na trave de madeira que está no seu próprio olho? Como é que você pode dizer ao seu irmão: "Me deixe tirar esse cisco do seu olho", quando você está com uma trave no seu próprio olho? Hipócrita! Tire primeiro a trave que está no seu olho e então poderá ver bem para tirar o cisco que está no olho do seu irmão.

O harmonioso convívio comunitário

Ao longo do Sermão da Montanha são abordados vários aspectos característicos do Reino dos Céus: a responsabilidade dos discípulos, os pontos fundamentais que Jesus inova em relação à antiga Lei, a intimidade com o Pai, o desapego das riquezas. Agora as palavras de Jesus se constituem em orientação e norma para o harmonioso convívio comunitário. A rejeição do "julgar" se refere ao julgamento condenatório, que deve ser descartado. O convívio humano comporta discernimento e avaliações. Porém, quem faz um julgamento condenatório está condenando a si mesmo. Neste sentido é feita a comparação baseada em antigas normas de contratos comerciais de troca de cereais: a mesma medida deve ser aplicada a ambas as partes. O hábito de criticar com frequência oculta a fuga de uma autoavaliação. A crítica exacerbada ofusca a lucidez. A autocrítica sincera leva à humildade e à misericórdia para com os outros. A qualificação "hipócrita" pode sugerir que o texto teria sido originalmente dirigido aos fariseus, sendo depois aplicado à comunidade.
Na humildade, na acolhida e na valorização do irmão constrói-se a comunidade viva e aberta que transforma o mundo.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Tesouros no céu



Leitura Orante
Mt 6,19-23

- Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu, onde as traças e a ferrugem não podem destruí-las, e os ladrões não podem arrombar e roubá-las. Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês. 
- Os olhos são como uma luz para o corpo: quando os olhos de vocês são bons, todo o seu corpo fica cheio de luz. Porém, se os seus olhos forem maus, o seu corpo ficará cheio de escuridão. Assim, se a luz que está em você virar escuridão, como será terrível essa escuridão! 

Advertência sobre a ambição da riqueza

Após os textos sobre a esmola, o jejum e a oração, no Sermão da Montanha, seguem-se as palavras de advertência sobre a ambição da riqueza. O evangelho de Lucas é o que mais aprofunda e denuncia o contraste entre a riqueza e a pobreza. Em Mateus o tema da riqueza só é abordado nesta parte do Sermão da Montanha e no episódio do homem rico que rejeita o seguimento de Jesus 
Na sociedade de classes, a riqueza é tida como critério de valor. Tal concepção tem seu fundamento na doutrina da retribuição que aflora no Primeiro Testamento. Segunda ela, Deus recompensaria os justos com riquezas e castigaria os maus com privações e sofrimentos. É o uso da religião para respaldar a acumulação de bens. Jesus descarta tal doutrina de origem judaica que inspira o capitalismo. 
A ambição tem raízes no coração: "Onde estiver o teu tesouro, aí estará também teu coração". Um coração ansioso pela riqueza corrupta e corruptível corrompe-se também. 
No olho pode-se perceber um reflexo do coração. O olho simples e luminoso exprime um coração generoso que transborda para a vida. O olho ruim e de trevas exprime um coração mesquinho que, fechado sobre si mesmo, rejeita a vida.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pai Nosso




Leitura Orante
Mt 6,7-15

- Nas suas orações, não fiquem repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. Não sejam como eles, pois, antes de vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe o que vocês precisam. Portanto, orem assim: 
"Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. 
Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu! 
Dá-nos hoje o alimento que precisamos. Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam. 
E não deixes que sejamos tentados, mas livra-nos do mal. [Pois teu é o Reino, o poder e a glória, para sempre. Amém!" 
- Porque, se vocês perdoarem as pessoas que ofenderem vocês, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem essas pessoas, o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês. 

Atitude filial diante de Deus Pai

Mateus insere as instruções de Jesus sobre a oração no Sermão da Montanha. Neste Sermão temos um convite à conversão, a uma mudança de vida. A proposta de mudança ameaça nossa identidade. Por insegurança, a ela resistimos. Aceitar o convite de Jesus à conversão supõe a ousadia de lançarmo-nos, em oração, nos braços do Pai. 
Na oração não vamos nos deter na multiplicidade de nossas necessidades. O centro da oração é a atitude filial diante de Deus Pai, o compromisso com a revelação de seu nome (sua própria pessoa), o engajamento com a instauração de seu Reino e a docilidade à sua vontade. Embora frágeis, temos a iniciativa pessoal de perdoar, o que nos habilita a pedir o perdão. Mas, nesta mesma fragilidade, necessitamos de pedir a ajuda em vencer as seduções deste mundo (tentações) e pedir o afastamento do maligno. Pela oração fazemos nossas as opções de Jesus nas tentações, logo após seu batismo.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

"Não" à hipocrisia


Leitura Orante
Mt 6,1-6.16-18


- Tenham o cuidado de não praticarem os seus deveres religiosos em público a fim de serem vistos pelos outros. Se vocês agirem assim, não receberão nenhuma recompensa do Pai de vocês, que está no céu.
- Quando você der alguma coisa a uma pessoa necessitada, não fique contando o que fez, como os hipócritas fazem nas sinagogas e nas ruas. Eles fazem isso para serem elogiados pelos outros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando ajudar alguma pessoa necessitada, faça isso de tal modo que nem mesmo o seu amigo mais íntimo fique sabendo do que você fez. Isso deve ficar em segredo; e o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
- Quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para serem vistos pelos outros. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que não pode ser visto. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.
- Quando vocês jejuarem, não façam uma cara triste como fazem os hipócritas, pois eles fazem isso para todos saberem que eles estão jejuando. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eles já receberam a sua recompensa. Mas você, quando jejuar, lave o rosto e penteie o cabelo para os outros não saberem que você está jejuando. E somente o seu Pai, que não pode ser visto, saberá que você está jejuando. E o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa.

Hipocrisia e a omissão X sinceridade e compromisso


Temos aqui, neste expressivo texto de Mateus, no Sermão da Montanha, as advertências de Jesus quanto às obras de piedade tradicionais do judaísmo. Jesus contrapõe a hipocrisia e a omissão, que ofendem a Deus, à sinceridade e ao compromisso. Estão em foco as três obras de piedade fundamentais da religião de Israel: a esmola, a oração e o jejum. O que devia ser um sincero compromisso com o próximo e com Deus, passa a ser atos de mera aparência em vista de esconder-se atrás de louvores para praticar suas fraudes contra o povo.
A verdadeira comunhão com o Pai se faz, com humildade, na renúncia ao supérfluo do consumo, na partilha com os pobres e excluídos e na oração que é o fazer a vontade de Deus.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O cristão não admite o "olho por olho, dente por dente"


Leitura Orante
Mt 5,38-42


- Vocês ouviram o que foi dito: "Olho por olho, dente por dente." Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém processar você para tomar a sua túnica, deixe que leve também a capa. Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e, se alguém lhe pedir emprestado, empreste.

Rompendo com a cadeia de violência

Na sequência da fala de Jesus, no Sermão da Montanha, Mateus insere uma série de seis antíteses, contrapondo o ensinamento de Jesus à doutrina tradicional dos escribas e fariseus. "Ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo...". Jesus vem revelar que qualquer doutrina ou lei só tem valor na medida em que contribua para a libertação e a promoção da vida.
No evangelho de hoje temos a quinta antítese. A lei do talião era a expressão do culto ao espírito vingativo e cruel, com a perpetuação da violência: a vingança exige "vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe" (Ex 21,23-25)!
Jesus remove o mau espírito de vingança pela prática da bem-aventurança da mansidão. A contraposição à lei do talião é expressa, no evangelho, através de uma ênfase literária simbólica, "oferecer a outra face... dar também o manto... caminhar dois quilômetros...", o que significa: renunciar absolutamente a reagir à violência pela violência. Contudo, aquele que sofre a violência não deve se intimidar, e é até conveniente questionar o agente da violência, em vista de corrigi-lo, inclinando-o à conversão.
Rompendo com a cadeia de violência, o discípulo deve aplicar-se ao amor sem limites, na construção da paz.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Solenidade do Coração de Jesus


Leitura Orante
Jo 19,31-37

Então os líderes judeus pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas dos que tinham sido crucificados e mandasse tirá-los das cruzes. Pediram isso porque era sexta-feira e não queriam que, no sábado, os corpos ainda estivessem nas cruzes. E aquele sábado era especialmente santo. Os soldados foram e quebraram as pernas do primeiro homem que tinha sido crucificado com Jesus e depois quebraram as pernas do outro. Mas, quando chegaram perto de Jesus, viram que ele já estava morto e não quebraram as suas pernas. Porém um dos soldados furou o lado de Jesus com uma lança. No mesmo instante saiu sangue e água. 
Quem viu isso contou o que aconteceu para que vocês também creiam. O que ele disse é verdade, e ele sabe que fala a verdade. Isso aconteceu para que se cumprisse o que as Escrituras Sagradas dizem: "Nenhum dos seus ossos será quebrado." E em outro lugar as Escrituras Sagradas dizem: "Eles olharão para aquele a quem atravessaram com a lança." 

Sangue e água, amor e vida

As narrativas da Paixão se diversificam nos evangelhos, trazendo a marca de cada evangelista. 
Segundo João, Jesus é crucificado na véspera ("preparação") da Páscoa, que naquele ano coincidiu com o sábado. Com hipocrisia, para que a solenidade da Páscoa não fosse profanada pelos mortos, os judeus se preocupam em retirar das cruzes Jesus e os outros dois. 
Era comum os crucificados se sustentarem sobre o apoio dos pés na ânsia de evitar a morte. Os romanos só os retirariam mortos; assim, os judeus pedem que lhes quebrem as pernas para acelerar sua morte. A Jesus, já encontraram morto, porém um soldado golpeia seu lado com uma lança, saindo sangue e água. No sangue temos a expressão do amor de Jesus, que se doou sem limites, e na água temos a expressão da origem da vida nova no Espírito de amor, doado por Jesus.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Importa amar


Leitura Orante
Mt 5,20-26


Pois eu afirmo a vocês que só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus.
- Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: "Não mate. Quem matar será julgado." Mas eu lhes digo que qualquer um que ficar com raiva do seu irmão será julgado. Quem disser ao seu irmão: "Você não vale nada" será julgado pelo tribunal. E quem chamar o seu irmão de idiota estará em perigo de ir para o fogo do inferno. Portanto, se você estiver oferecendo no altar a sua oferta a Deus e lembrar que o seu irmão tem alguma queixa contra você, deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus.
- Se alguém fizer uma acusação contra você e levá-lo ao tribunal, entre em acordo com essa pessoa enquanto ainda é tempo, antes de chegarem lá. Porque, depois de chegarem ao tribunal, você será entregue ao juiz, o juiz o entregará ao carcereiro, e você será jogado na cadeia. Eu afirmo a você que isto é verdade: você não sairá dali enquanto não pagar a multa toda.

A reconciliação mantém a paz e a vida


No evangelho de Mateus são frequentes as referências à justiça. A justiça é a prática pela qual homens e mulheres, todos, tenham garantidos seus direitos que proporcionam uma vida digna e plena. Do ponto de vista religioso, a justiça era interpretada, pelos escribas e fariseus, como sendo o tratamento diferenciado de Deus para com os "justos" e para com os "pecadores".
O preceito do decálogo, "não matarás", vigorava para o convívio no seio do povo de Israel. Contra os inimigos deste povo, contudo, seria exercida a vingança exterminadora de Deus.
O texto, com uma hipérbole literária, exprime que a novidade recebida de Jesus é que, mais do que não matar, não se pode desprezar ou odiar o irmão. E mais importante do que qualquer ato de culto é a reconciliação. Pela reconciliação é mantida a paz, a unidade e a vida na comunidade.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

A VIDA DE SANTO ANTÔNIO


Fernando de Bulhões
(verdadeiro nome de Santo Antônio), nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195, numa família de posses. Aos 15 anos entrou para um convento agostiniano, primeiro em Lisboa e depois em Coimbra, onde provavelmente se ordenou. Em 1220 trocou o nome para Antônio e ingressou na Ordem Franciscana, na esperança de, a exemplo dos mártires, pregar aos sarracenos no Marrocos. Após um ano de catequese nesse país, teve de deixá-lo devido a uma enfermidade e seguiu para a Itália. Indicado professor de teologia pelo próprio são Francisco de Assis, lecionou nas universidades de Bolonha, Toulouse, Montpellier, Puy-en-Velay e Pádua, adquirindo grande renome como orador sacro no sul da França e na Itália. Ficaram célebres os sermões que proferiu em Forli, Provença, Languedoc e Paris. Em todos esses lugares suas prédicas encontravam forte eco popular, pois lhe eram atribuídos feitos prodigiosos, o que contribuía para o crescimento de sua fama de santidade.
A saúde sempre precária levou-o a recolher-se ao convento de Arcella, perto de Pádua, onde escreveu uma série de sermões para domingos e dias santificados, alguns dos quais seriam reunidos e publicados entre 1895 e 1913. Dentro da Ordem Franciscana, Antônio liderou um grupo que se insurgiu contra os abrandamentos introduzidos na regra pelo superior Elias.
Após uma crise de hidropisia (Acúmulo patológico de líquido seroso no tecido celular ou em cavidades do corpo). Antônio morreu a caminho de Pádua em 13 de junho de 1231. Foi canonizado em 13 de maio de 1232 (apenas 11 meses depois de sua morte) pelo papa Gregório IX.
A profundidade dos textos doutrinários de santo Antônio fez com que em 1946 o papa Pio XII o declarasse doutor da igreja. No entanto, o monge franciscano conhecido como santo Antônio de Pádua ou de Lisboa tem sido, ao longo dos séculos, objeto de grande devoção popular.
Sua veneração é muito difundida nos países latinos, principalmente em Portugal e no Brasil. Padroeiro dos pobres e casamenteiro, é invocado também para o encontro de objetos perdidos. Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada.

Amem-se!


Leitura Orante
Mt 5,17-19


- Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei - nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu.

Amor e misericórdia acima da Lei

Este texto pode parecer contraditório em relação às frequentes advertências de Jesus sobre a prática dos chefes do judaísmo de seu tempo. A legislação de Israel e, depois, do judaísmo sofreu modificações e acréscimos ao longo da história, sempre apresentada como promulgada por Moisés. Aí se mesclam fidelidades e distorções. O cerne da Lei, apresentada como divina, é a obediência cega. Assim o povo era oprimido em nome de Deus. Jesus renova este enfoque, colocando o amor e a misericórdia, que animam a vida, acima da Lei.
Mateus escreve para sua comunidade de discípulos oriundos do judaísmo, com a mente solidamente formada pela doutrina tradicional. Mateus reinterpreta esta tradição no sentido de que a Lei e os Profetas apontam para Jesus como o realizador de todas as esperanças verdadeiras aí contidas. Com a alusão a "estes mandamentos", a atenção é dirigida às bem-aventuranças do Reino dos Céus, acabadas de ser proclamadas, nas quais não há a mínima referência à Lei. Estas bem-aventuranças são os novos mandamentos que substituem os antigos e são o fardo leve de Jesus. Somos convidados a construir o mundo novo de partilha, justiça, misericórdia, mansidão e paz.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

"Vão e anunciem!"



Leitura Orante
Mt 10,7-13

Vão e anunciem isto: "O Reino do Céu está perto." Curem os leprosos e outros doentes, ressuscitem os mortos e expulsem os demônios. Vocês receberam sem pagar; portanto, dêem sem cobrar. Não levem guardados no cinto nem ouro, nem prata, nem moedas de cobre. Nesta viagem não levem sacola, nem uma túnica a mais, nem sandálias, nem bengala para se apoiar, pois o trabalhador tem o direito de receber o que precisa para viver. 
- Quando entrarem numa cidade ou povoado, procurem alguém que queira recebê-los e fiquem hospedados na casa dessa pessoa até irem embora daquele lugar. Quando entrarem numa casa, digam: "Que a paz esteja nesta casa!" Se as pessoas daquela casa receberem vocês bem, que a saudação de paz fique com elas. Mas, se não os receberem bem, retirem a saudação.


Ao missionário é fundamental o despojamento

O evangelho delineia o procedimento do missionário. O centro do anúncio é a proximidade do Reino dos Céus. João Batista inaugurara este anúncio. A proximidade do Reino significa que ele está ao nosso alcance, para ser vivido dia a dia. A natureza do Reino é a prática da justiça que liberta e regenera a vida. 
Ao missionário é fundamental o despojamento. Os filósofos itinerantes gregos praticavam tal tipo de despojamento para demonstrar austeridade. Contudo, para o missionário o despojamento não é um fim em si. É um ato de libertação para colocar-se inteiramente a serviço da missão. E é um ato de confiança na providência de Deus, que opera através dos homens e mulheres. Pelo seu despojamento o missionário abre os corações daqueles a quem ele é enviado. Nas cidades ou povoados o missionário não deve procurar a sinagoga, mas a casa de alguém digno. Podemos ver aí os critérios para a fundação e articulação de novas comunidades domésticas, que poderiam acolher outros missionários.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A pergunta sobre a ressurreição


Leitura Orante
Mc 12,18-27

Alguns saduceus, os quais afirmam que ninguém ressuscita, chegaram perto de Jesus e disseram: - Mestre, Moisés escreveu para nós a seguinte lei: "Se um homem morrer e deixar a esposa sem filhos, o irmão dele deve casar com a viúva, para terem filhos, que serão considerados filhos do irmão que morreu." Acontece que havia sete irmãos. O mais velho casou e morreu sem deixar filhos. O segundo casou com a viúva e morreu sem deixar filhos. Aconteceu a mesma coisa com o terceiro. Afinal, os sete irmãos casaram com a mesma mulher e morreram sem deixar filhos. Depois de todos eles, a mulher também morreu. Portanto, no dia da ressurreição, quando todos os mortos tornarem a viver, de qual dos sete a mulher vai ser esposa? Pois todos eles casaram com ela! 
Jesus respondeu: 
- Como vocês estão errados, não conhecendo nem as Escrituras Sagradas nem o poder de Deus. Pois, quando os mortos ressuscitarem, serão como os anjos do céu, e ninguém casará. Vocês nunca leram no Livro de Moisés o que está escrito sobre a ressurreição? Quando fala do espinheiro que estava em fogo, está escrito que Deus disse a Moisés: "Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó." E Deus não é Deus dos mortos e sim dos vivos. Vocês estão completamente errados! 

Deus é Deus dos vivos

O evangelho de Marcos faz menção aos saduceus unicamente nesta passagem. Eles pertenciam à classe rica de latifundiários e não acreditavam na ressurreição. Eles querem confundir Jesus a partir da lei do levirato, cujo objetivo era conservar a posse das propriedades dentro da família patriarcal. No casamento a mulher, sem direito algum, era puro instrumento desta posse. 
Diante do caso anedótico da mulher que casou com sete irmãos, Jesus critica a incompreensão e erro dos saduceus e destaca que Deus é Deus dos vivos. Citando os antepassados, Abraão, Isaac e Jacó, Jesus realça que eles estão vivos, isto é, já participam da vida eterna, para a qual Deus a todos criou. 
O que permanece para toda a eternidade não são os interesses econômicos com seu apego aos bens materiais, mas os atos de amor que constroem a vida.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A Deus o que é de Deus



Leitura Orante
Mc 12,13-17

Depois mandaram que alguns fariseus e alguns membros do partido de Herodes fossem falar com Jesus a fim de conseguirem alguma prova contra ele. Eles chegaram e disseram: 
- Mestre, sabemos que o senhor é honesto e não se importa com a opinião dos outros. O senhor não julga pela aparência, mas ensina a verdade sobre a maneira de viver que Deus exige. Diga: é ou não é contra a nossa Lei pagar impostos ao Imperador romano? Devemos pagar ou não? 
Mas Jesus percebeu a malícia deles e respondeu: 
- Por que é que vocês estão procurando uma prova contra mim? Tragam uma moeda para eu ver. 
Eles trouxeram, e ele perguntou: 
- De quem são o nome e a cara que estão gravados nesta moeda? 
Eles responderam: 
- São do Imperador. 
Então Jesus disse: 
- Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus. 
E eles ficaram admirados com Jesus. 

Deus é misericórdia, amor e vida

Por cerca de três anos Jesus exerceu seu ministério na Galileia e nas regiões gentílicas vizinhas. Agora, em Jerusalém dá-se o confronto fatal com o sistema religioso do Templo. 
O imposto de César era exigido dos judeus, sob o domínio romano. Alguns fariseus e herodianos, procurando provocar em Jesus alguma palavra que o condenasse, perguntam-lhe se deviam ou não pagar este imposto. Se dissesse que não, incorreria na condenação dos romanos. Se dissesse que sim, ficaria desacreditado perante o povo. Diante da moeda cunhada com a cabeça de César, que se intitulava "Filho Augusto e Divino", Jesus devolve a pergunta: "De quem é esta figura e a inscrição?". E, depois da resposta, conclui: "Devolvei a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". 
César é diferente de Deus. César é a ambição do dinheiro e do poder. Deus é misericórdia, amor e vida. Libertar-se do dinheiro e comprometer-se com Deus, é o projeto de Jesus.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Os lavradores maus




Leitura Orante
Mc 12,1-12

Depois Jesus começou a falar por meio de parábolas. Ele disse: 
- Certo homem fez uma plantação de uvas e pôs uma cerca em volta dela. Construiu um tanque para pisar as uvas e fazer vinho e construiu uma torre para o vigia. Em seguida, arrendou a plantação para alguns lavradores e foi viajar. Quando chegou o tempo da colheita, o dono enviou um empregado para receber a sua parte. Mas os lavradores agarraram o empregado, bateram nele e o mandaram de volta sem nada. O dono mandou mais um empregado, mas eles bateram na cabeça dele e o trataram de um modo vergonhoso. E ainda outro foi mandado para lá, mas os lavradores o mataram. E o mesmo aconteceu com muitos mais - uns foram surrados, e outros foram mortos. E agora a única pessoa que o dono da plantação tinha para mandar lá era o seu querido filho. Finalmente ele o mandou, pensando assim: "O meu filho eles vão respeitar." Mas os lavradores disseram uns aos outros: "Este é o filho do dono; ele vai herdar a plantação. Vamos matá-lo, e a plantação será nossa." 
- Então agarraram o filho, e o mataram, e jogaram o corpo para fora da plantação. 
Aí Jesus perguntou: 
- E agora, o que é que o dono da plantação vai fazer? Ele virá, matará aqueles homens e entregará a plantação a outros lavradores. Vocês não leram o que as Escrituras Sagradas dizem? 
"A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas. Isso foi feito pelo Senhor e é uma coisa maravilhosa!" Os líderes judeus sabiam que a parábola era contra eles e quiseram prender Jesus, mas tinham medo do povo. Por isso deixaram Jesus em paz e foram embora. 

A " vinha" simbolo do povo

Jesus fala aos sacerdotes, aos escribas e anciãos. O contexto em que se insere a parábola, no evangelho de Marcos, é o do conflito final, no Templo de Jerusalém, entre Jesus e as elites religiosas. A referência ao "filho amado" é uma alusão direta a Jesus, possivelmente indicando uma redação tardia das comunidades sob a tradição da ressurreição. 
A vinha, na tradição profética, simboliza o povo de Israel. Os líderes religiosos se apropriaram do povo, explorando-o e oprimindo-o. Inclusive mataram os profetas enviados por Deus. Agora, também procuram eliminar Jesus, o próprio Filho de Deus.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

A Casa de Oração



Leitura Orante
Mc 11, 11-26

No dia seguinte, quando eles estavam voltando de Betânia, Jesus teve fome. Viu de longe uma figueira cheia de folhas e foi até lá para ver se havia figos. Quando chegou perto, encontrou somente folhas porque não era tempo de figos. Então disse à figueira: - Que nunca mais ninguém coma das suas frutas! 
E os seus discípulos ouviram isso. Quando Jesus e os discípulos chegaram a Jerusalém, ele entrou no pátio do Templo e começou a expulsar todos os que compravam e vendiam naquele lugar. Derrubou as mesas dos que trocavam dinheiro e as cadeiras dos que vendiam pombas. E não deixava ninguém atravessar o pátio do Templo carregando coisas. E ele ensinava a todos assim: - Nas Escrituras Sagradas está escrito que Deus disse o seguinte: "A minha casa será chamada de 'Casa de Oração' para todos os povos." Mas vocês a transformaram num esconderijo de ladrões! 
Os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei ouviram isso e começaram a procurar um jeito de matar Jesus. Mas tinham medo dele porque o povo admirava os seus ensinamentos. 
De tardinha, Jesus e os discípulos saíram da cidade. No dia seguinte, de manhã cedo, Jesus e os discípulos passaram perto da figueira e viram que ela estava seca desde a raiz. Então Pedro lembrou do que havia acontecido e disse a Jesus: - Olhe, Mestre! A figueira que o senhor amaldiçoou ficou seca. Jesus respondeu: 
- Tenham fé em Deus. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês poderão dizer a este monte: "Levante-se e jogue-se no mar." Se não duvidarem no seu coração, mas crerem que vai acontecer o que disseram, então isso será feito. Por isso eu afirmo a vocês: quando vocês orarem e pedirem alguma coisa, creiam que já a receberam, e assim tudo lhes será dado. E, quando estiverem orando, perdoem os que os ofenderam, para que o Pai de vocês, que está no céu, perdoe as ofensas de vocês. [Se não perdoarem os outros, o Pai de vocês, que está no céu, também não perdoará as ofensas de vocês.] 

A prática do perdão

O Templo de Jerusalém, desde sua construção por Salomão, sempre teve como anexo o Tesouro, destinado ao depósito das imensas riquezas acumuladas a partir das ofertas e das taxas cobradas do povo. Naquele momento de intenso comércio praticado durante a festa da Páscoa, Jesus denuncia esta corrupção do Templo. A figueira que secou por não dar frutos representa o sistema religioso do Templo, com sua infidelidade a Deus. O monte que com fé é lançado ao mar é o monte Sião, com Jerusalém e o Templo, sede da opressão sobre o povo humilhado e submisso. 
No acréscimo final, sobre a oração, temos uma retomada do final da oração do Pai-Nosso: pela prática do perdão alcança-se o perdão de Deus.