sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Pedro afirma:"Jesus é o Messias!"


Leitura Orante
Lc 9,18-22


Certa vez Jesus estava sozinho, orando, e os discípulos chegaram perto dele. Então ele perguntou:
- Quem o povo diz que eu sou?
Eles responderam:
- Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é um dos profetas antigos que ressuscitou.
- E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? - perguntou Jesus.
Pedro respondeu:
- O Messias que Deus enviou.
Então Jesus proibiu os discípulos de contarem isso a qualquer pessoa. E continuou:
- O Filho do Homem terá de sofrer muito. Ele será rejeitado pelos líderes judeus, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da Lei. Será morto e, no terceiro dia, será ressuscitado.

Prática humilde e amorosa de Jesus

A expectativa dos discípulos era a de um messias que libertaria o povo judeu do império romano e criaria um estado poderoso. O modelo deste estado era o reinado de Israel sob o rei Davi, ao qual a tradição atribuíra grande prosperidade, glória e poder. Jesus repreende os discípulos. Com sua prática humilde e amorosa, ele distanciava-se muito de tal concepção. Jesus exprimia a singeleza de sua condição humana identificando-se com o "Filho do Homem". Os gestos de amor de Jesus tinham tal efeito transformador nas pessoas que os possuídos pela ideologia opressora os interpretavam como gestos de poder. Corre a imagem de um Jesus taumaturgo, um João Batista ou um antigo profeta ressuscitado ou um Elias que voltou. Se Jesus pretendesse se mostrar poderoso, destruiria seus inimigos, como a divindade no Antigo Testamento. A opção pelo amor remove a competição pelo poder. A comunicação de vida pelo amor supera a destruição da vida pelo ódio e pelo poder. O poder necessariamente mata os que o ameaçam, porém o amor de Deus garante a permanência na vida.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Quem é Jesus?


Leitura Orante
Lc 9,7-9


Herodes, o governador da Galiléia, ouviu falar de tudo o que estava acontecendo e ficou sem saber o que pensar. Pois alguns diziam que João Batista tinha sido ressuscitado, outros diziam que Elias tinha aparecido, e outros ainda que um dos antigos profetas havia ressuscitado. Mas Herodes disse:
- Eu mesmo mandei cortar a cabeça de João. Quem será então esse homem de quem ouço falar essas coisas?
E Herodes procurava ver Jesus.

Prática libertadora


Enquanto Marcos e Mateus descrevem detalhadamente a execução por decapitação de João Batista na narrativa simbólica do banquete de Herodes, com a presença de Herodíades, Lucas limita-se a, apenas, uma breve menção a esta execução.
Jesus, por sua prática inovadora e libertadora, é foco de atenção de todos e, particularmente, desperta a suspeita dos representantes do poder romano e do poder religioso judaico, sediado em Jerusalém. Surgem logo interrogações sobre a sua origem. Entre o povo eram diversas as opiniões sobre quem era Jesus. Uns o associavam a alguma figura libertadora popular da tradição do antigo Israel, tais como Elias ou os antigos profetas. Outros viam nele a figura de João Batista, martirizado por Herodes, com o qual o anúncio de Jesus tinha muita afinidade. Havia ainda aqueles que tinham a expectativa de que Jesus fosse o messias davídico que restauraria a humilhada Judeia, transformando-a no pretenso Israel glorioso do tempo de Davi, como hoje pretendem os sionistas do atual Estado de Israel.
A resposta sobre quem é Jesus pode ser encontrada por todos aqueles que são compassivos e misericordiosos, descobrindo Jesus entre os pobres e oprimidos, humildes e excluídos

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Discípulos missionários sem fronteiras


Leitura Orante
Lc 9,1-6


Jesus chamou os doze discípulos e lhes deu poder e autoridade para expulsar todos os demônios e curar doenças. Então os enviou para anunciarem o Reino de Deus e curarem os doentes. Ele disse:
- Nesta viagem não levem nada: nem bengala para se apoiar, nem sacola, nem comida, nem dinheiro, nem mesmo uma túnica a mais. Quando vocês entrarem numa cidade, fiquem na casa em que forem recebidos até irem embora daquele lugar. Mas, se forem mal recebidos, saiam logo daquela cidade. E na saída sacudam o pó das suas sandálias, como sinal de protesto contra aquela gente.
Os discípulos então saíram de viagem e andaram por todos os povoados, anunciando o evangelho e curando doentes por toda parte.

Jesus envia em missão

Depois de um tempo de convívio com os doze, chamados no início de seu ministério, Jesus os envia em missão, como cooperadores seus no anúncio do Reino. O anúncio é o objetivo central da missão. As expulsões de demônios e curas de doenças são os gestos concretos de libertação que dão credibilidade ao anúncio. É importante perceber o significado dos demônios e das doenças. Pode-se entender que os demônios são os males do espírito, enquanto as doenças são os males do corpo. Estes males estão associados às multidões de excluídos como resultado da marginalização socioeconômica que gera privações e carências, sofrimento, doenças e morte.
Os discípulos indo despojados e pobres para a missão se identificam com os excluídos, que se abrem para recebê-los. O anúncio da palavra e o amor dos discípulos libertam os pobres deprimidos em seu espírito e valoriza-os, dando-lhes vida, dignidade e iniciativa. Os pobres e excluídos, transformados pela Palavra de Deus, passam a formar comunidades que vivem a fraternidade e a partilha, como células do mundo novo possível.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Como ser da família de Jesus


Leitura Orante
Lc 8,19-21


A mãe e os irmãos de Jesus vieram até o lugar onde ele estava, mas, por causa da multidão, não conseguiam chegar perto dele. Então alguém disse a Jesus:
- A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor.
Mas Jesus disse a todos:
- Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a mensagem de Deus e a praticam.

Os laços que unem a Jesus

Esta fala de Jesus se integra no conjunto de vários outros apelos ao desprendimento geral das riquezas, de bens e da própria família. Assim ocorre na narrativa do homem (jovem) rico que se esquivou do seguimento de Jesus (cf. 28 maio), na narrativa de choques de opções na família e na opção prioritária por Jesus . A união com Jesus não se dá por vínculos de sangue ou raça, mas pela união ao amor misericordioso do Pai que vem libertar e trazer vida a todos os homens e mulheres. "Quem ama pai ou mãe mais do que a mim não é digno de mim. E aquele que ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim" (Mt 10,37).
Frequentemente as famílias se fecham em torno de interesses particulares e até excludentes. Jesus aponta que o caminho é buscar a realização da vontade do Pai. É a família onde o amor transborda comunicando-se a todos, particularmente aos mais necessitados.
Sendo a família a célula fundamental da sociedade, a submissão da família à vontade de Deus remete a todas as demais entidades e religiões. Família, estado, economia, religião, tudo fica relativizado em vista do projeto fundamental de Deus que é a promoção da vida e o resgate da dignidade humana.
Com Jesus e seu discipulado a vontade do Pai está sendo realizada no mundo. Já vigora uma nova realidade projetada na eternidade do amor de Deus.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Luz que ilumina


Leitura Orante
Lc 8,16-18


Jesus continuou:
- Ninguém acende uma lamparina e depois a coloca debaixo de um cesto ou de uma cama. Pelo contrário, a lamparina é colocada no lugar próprio para que todos os que entram vejam a luz. Pois tudo o que está escondido será descoberto, e tudo o que está em segredo será conhecido e revelado.
- Portanto, tomem cuidado e vejam como vocês ouvem. Porque quem tem receberá mais; mas quem não tem, até o que pensa que tem será tirado dele.

A lâmpada que ilumina

Lucas reúne neste seu texto quatro sentenças originalmente esparsas, anteriormente articuladas por Marcos (Mc 4,21-25), mas dispersas em Mateus.
A lâmpada acesa que ilumina, em Mateus (cf. 12 jun.), significa os discípulos que devem ser a luz do mundo, isto é, iluminar o mundo com a Verdade por eles proclamada. Em Marcos e em Lucas, a lâmpada é a própria Verdade, que vem revelar o que está escondido. Temos aqui dois sentidos: revelar a falsidade da doutrina dos fariseus ou revelar amplamente os mistérios de Jesus, inicialmente comunicados aos discípulos.
Neste sentido, segue-se a sentença sobre o que está escondido ou secreto, e será descoberto e tornado público.
A advertência "olhai, portanto, a maneira como ouvis!", envolve-se em obscuridade. No evangelho de Marcos encontra-se: "cuidado com o que ouvis!". Pode-se pensar no sentido de que o evangelho de Jesus seja ouvido com responsabilidade e compromisso, e não de maneira displicente e descomprometida.
A sentença final é característica da sociedade que favorece a acumulação de riquezas por alguns e a exclusão dos demais. Em um sentido figurado, ela pode ser adaptada àqueles que acolhem o Reino, em oposição àqueles submissos à ideologia da Lei, que rejeitam a Palavra e perdem suas tradições abraâmicas.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Jesus chama Mateus


Leitura Orante
Mt 9,9-13

Jesus saiu dali e, no caminho, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse:
- Venha comigo.
Mateus se levantou e foi com ele. Mais tarde, enquanto Jesus estava jantando na casa de Mateus, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram e sentaram-se à mesa com Jesus e os seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos:
- Por que é que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama?
Jesus ouviu a pergunta e respondeu:
- Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: "Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais." Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons.

O amor misericordioso de Deus

O chamado de Mateus é feito no estilo tradicional da vocação profética. Uma breve exortação imperativa ao seguimento é seguida de uma adesão imediata. Na realidade, o processo de conversão decorre de um certo tempo de relacionamento com Jesus. O simples levantar-se e seguir indica uma mudança na vida daquele coletor de impostos.
Para comemorar sua decisão de acompanhar Jesus, Mateus oferece um banquete aos amigos. Era um círculo de amizade formado por excluídos pelo sistema religioso e, por isso, considerados pecadores. Os fariseus e os escribas vêm censurar os discípulos de Jesus pelo seu convívio à mesa com estes pecadores. Jesus ouve e intervém com certa ironia, insinuando a hipocrisia destes que o censuravam. Faz uma comparação entre os que têm saúde e os doentes, por um lado, e os justos e os pecadores, por outro lado. Com uma frase do profeta Oseias (6,3-6), rejeita a prática dos sacrifícios e observâncias do Templo e revela o amor misericordioso de Deus que vem para libertar e dar vida aos excluídos, tidos como pecadores.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O amor perdoa pecados


Leitura Orante
Lc 7,36-50


Um fariseu convidou Jesus para jantar. Jesus foi até a casa dele e sentou-se para comer. Naquela cidade morava uma mulher de má fama. Ela soube que Jesus estava jantando na casa do fariseu. Então pegou um frasco feito de alabastro, cheio de perfume, e ficou aos pés de Jesus, por trás. Ela chorava e as suas lágrimas molhavam os pés dele. Então ela os enxugou com os seus próprios cabelos. Ela beijava os pés de Jesus e derramava o perfume neles. Quando o fariseu viu isso, pensou assim: "Se este homem fosse, de fato, um profeta, saberia quem é esta mulher que está tocando nele e a vida de pecado que ela leva."
Jesus então disse ao fariseu:
- Simão, tenho uma coisa para lhe dizer:
- Fale, Mestre! - respondeu Simão.
Jesus disse:
- Dois homens tinham uma dívida com um homem que costumava emprestar dinheiro. Um deles devia quinhentas moedas de prata, e o outro, cinqüenta, mas nenhum dos dois podia pagar ao homem que havia emprestado. Então ele perdoou a dívida de cada um. Qual deles vai estimá-lo mais?
- Eu acho que é aquele que foi mais perdoado! - respondeu Simão.
- Você está certo! - disse Jesus.
Então virou-se para a mulher e disse a Simão:
- Você está vendo esta mulher? Quando entrei, você não me ofereceu água para lavar os pés, porém ela os lavou com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Você não me beijou quando cheguei; ela, porém, não pára de beijar os meus pés desde que entrei. Você não pôs azeite perfumado na minha cabeça, porém ela derramou perfume nos meus pés. Eu afirmo a você, então, que o grande amor que ela mostrou prova que os seus muitos pecados já foram perdoados. Mas onde pouco é perdoado, pouco amor é mostrado.
Então Jesus disse à mulher:
- Os seus pecados estão perdoados.
Os que estavam sentados à mesa começaram a perguntar:
- Que homem é esse que até perdoa pecados?
Mas Jesus disse à mulher:
- A sua fé salvou você. Vá em paz.

O amor libertador
Pode-se perceber nesta narrativa de Lucas uma adaptação das narrativas semelhantes de Marcos (14,3-9), Mateus (26,6-13) e João (cf. 2 abr.), onde se trata de uma refeição em Betânia, na casa de Lázaro, Maria e Marta. A refeição em casa de fariseu é uma peculiaridade de Lucas. Com sua narrativa, na qual quem unge Jesus com o perfume é uma mulher pecadora, Lucas, apresentando a parábola dos dois devedores ao fariseu que o convidara, destaca cada vez mais o amor misericordioso de Jesus, e a dimensão libertadora e vivificante da fé que traz a paz.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Um toque que ressuscita!


Leitura Orante
Lc 7,11-17


Pouco tempo depois Jesus foi para uma cidade chamada Naim. Os seus discípulos e uma grande multidão foram com ele. Quando ele estava chegando perto do portão da cidade, ia saindo um enterro. O defunto era filho único de uma viúva, e muita gente da cidade ia com ela. Quando o Senhor a viu, ficou com muita pena dela e disse:
- Não chore.
Então ele chegou mais perto e tocou no caixão. E os que o estavam carregando pararam. Então Jesus disse:
- Moço, eu ordeno a você: levante-se!
O moço sentou-se no caixão e começou a falar, e Jesus o entregou à mãe. Todos ficaram com muito medo e louvavam a Deus, dizendo:
- Que grande profeta apareceu entre nós! Deus veio salvar o seu povo!
Essas notícias a respeito de Jesus se espalharam por todo o país e pelas regiões vizinhas.

Os gestos de Jesus
Jesus dirige-se a Naim, com os discípulos e uma grande multidão. Quando chegam à porta da cidade cercada com muralhas, por coincidência encontram uma outra grande multidão que saía, acompanhando uma viúva, carregando seu filho morto para o enterro. Era o filho único de uma viúva, o que torna o fato mais dramático. Jesus, comovido, se faz próximo daquela viúva.
Nos detalhes, Lucas associa Jesus ao profeta Elias que, em cena bem semelhante, ressuscitara o filho de uma viúva em Sarepta. Contudo, com o dom da vida eterna, Jesus supera o taumaturgo Elias. O "levantar-se" é a superação da morte. Depois de colocado no túmulo, Jesus "levantou-se", em todas as narrativas dos evangelistas. O "levantar-se" de Jesus é traduzido por "ressuscitar".
Os gestos de Jesus encontram seu pleno sentido à luz de sua palavra. Ele veio para "levantar" a todos, libertando de toda escravidão e de toda humilhação, dando novo sentido à vida, na solidariedade fraterna e na comunhão com Deus.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Na cruz, a salvação



Leitura Orante
Jo 3,13-17


Ninguém subiu ao céu, a não ser o Filho do Homem, que desceu do céu.
- Assim como Moisés, no deserto, levantou a cobra de bronze numa estaca, assim também o Filho do Homem tem de ser levantado, para que todos os que crerem nele tenham a vida eterna. Porque Deus amou o mundo tanto, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna. Pois Deus mandou o seu Filho para salvar o mundo e não para julgá-lo.

Jesus, fonte de vida eterna


Neste texto temos um trecho da resposta de Jesus a Nicodemos que, interpretando ao pé da letra as palavras de Jesus, questiona como um homem, sendo velho, pode nascer de novo. Jesus é a fonte da vida eterna. Em sua trajetória, vindo do Pai e ao Pai voltando, Jesus, Filho do Homem, isto é, plenamente humano, realiza a salvação, que é a comunicação da vida divina e eterna a todos que creem nele. São os que creem no amor, na justiça e no direito, e que se empenham no serviço à vida, na preservação da natureza e na promoção humana dos pequeninos e excluídos.
Jesus de Nazaré, na plenitude de sua humanidade, é o dom de amor de Deus ao mundo. É a Palavra que se fez carne e veio morar entre nós. A elevação do Filho do Homem é a elevação do humano, com o resgate de sua dignidade. O antigo modelo da serpente de bronze no deserto (Nm 21,9), que motivava a fé, dá lugar a Jesus que comunica a vida e a todos atrai pela manifestação da graça e da verdade (Jo 1,17). A missão de Jesus não é a de condenação do mundo, mas de salvação, pela comunicação da vida divina e eterna a todos. É a missão da misericórdia e do amor, a que todos somos chamados.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Isso é amor misericordioso!


Leitura Orante
Lc 6,27-38


- Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: amem os seus inimigos e façam o bem para os que odeiam vocês. Desejem o bem para aqueles que os amaldiçoam e orem em favor daqueles que maltratam vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém tomar a sua capa, deixe que leve a túnica também. Dê sempre a qualquer um que lhe pedir alguma coisa; e, quando alguém tirar o que é seu, não peça de volta. Façam aos outros a mesma coisa que querem que eles façam a vocês.
- Se vocês amam somente aqueles que os amam, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama amam as pessoas que as amam. E, se vocês fazem o bem somente para aqueles que lhes fazem o bem, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama fazem isso. E, se vocês emprestam somente para aqueles que vocês acham que vão lhes pagar, o que é que estão fazendo de mais? Até as pessoas de má fama emprestam aos que têm má fama, para receber de volta o que emprestaram. Façam o contrário: amem os seus inimigos e façam o bem para eles. Emprestem e não esperem receber de volta o que emprestaram e assim vocês terão uma grande recompensa e serão filhos do Deus Altíssimo. Façam isso porque ele é bom também para os ingratos e maus. Tenham misericórdia dos outros, assim como o Pai de vocês tem misericórdia de vocês.
- Não julguem os outros, e Deus não julgará vocês. Não condenem os outros, e Deus não condenará vocês. Perdoem os outros, e Deus perdoará vocês. Dêem aos outros, e Deus dará a vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que ele lhes dará serão tantas, que vocês não poderão segurá-las nas suas mãos. A mesma medida que vocês usarem para medir os outros Deus usará para medir vocês.

Amor sem julgamento e exclusões

Lucas reúne aqui uma série de ditos de Jesus sobre a misericórdia. O amor misericordioso de Deus, revelado em Jesus e comunicado a todos nós, é a grande novidade do Reino. A sentença: "Assim como desejais que os outros vos tratem, tratai-os do mesmo modo", conforme o evangelho de Mateus, é o resumo da Lei e dos Profetas. Esta é uma máxima universal, e veiculada no mundo helênico, no tempo de Jesus. Com o imperativo: "Amai os vossos inimigos", Jesus remove a figura do inimigo, dominante no Primeiro Testamento. O Deus do amor e da paz é bondoso e misericordioso para com todos, sem exclusões.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Felizes são vocês...


Leitura Orante
Lc 6,20-26

Jesus olhou para os seus discípulos e disse:
- Felizes são vocês, os pobres, pois o Reino de Deus é de vocês.
- Felizes são vocês que agora têm fome, pois vão ter fartura.
- Felizes são vocês que agora choram, pois vão rir.
- Felizes são vocês quando os odiarem, rejeitarem, insultarem e disserem que vocês são maus por serem seguidores do Filho do Homem. Fiquem felizes e muito alegres quando isso acontecer, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês. Pois os antepassados dessas pessoas fizeram essas mesmas coisas com os profetas.
- Mas ai de vocês que agora são ricos, pois já tiveram a sua vida boa.
- Ai de vocês que agora têm tudo, pois vão passar fome.
- Ai de vocês que agora estão rindo, pois vão chorar e se lamentar.
- Ai de vocês quando todos os elogiarem, pois os antepassados dessas pessoas também elogiaram os falsos profetas.

As bem-aventuranças

Lucas, como Mateus, apresenta Jesus proclamando as bem-aventuranças na fase inicial do seu ministério, na Galileia, seguindo-se uma série de sentenças instrutivas sobre as práticas essenciais do Reino, a serem assumidas pelos discípulos. As bem-aventuranças são um estado particular de felicidade decorrente da comunhão com Deus, que por elas se alcança. Jesus revela que Deus vem ao encontro daqueles que são pobres, que passam fome, que estão chorando e que são vítimas das perseguições dos poderosos que rejeitam a libertação e a vida que Jesus veio comunicar a todos. Às quatro bem-aventuranças se contrapõe a advertência dos quatro "ais" dirigidos aos ambiciosos da riqueza, que na acumulação e no luxo espoliam os pobres. Estes estão convidados a aderir às bem-aventuranças, à solidariedade e à partilha, características do mundo novo possível.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Pode se fazer o bem no sábado?


Leitura Orante
Lc 6,6-11

Num outro sábado Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. Estava ali um homem que tinha a mão direita aleijada. Alguns mestres da Lei e alguns fariseus ficaram espiando Jesus com atenção para ver se ele ia curar alguém no sábado. Pois queriam arranjar algum motivo para o acusar de desobedecer à Lei. Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e por isso disse para o homem que tinha a mão aleijada:
- Levante-se e fique em pé aqui na frente.
O homem se levantou e ficou em pé. Então Jesus disse:
- Eu pergunto a vocês: o que é que a nossa Lei diz sobre o sábado? O que é permitido fazer nesse dia: o bem ou o mal? Salvar alguém da morte ou deixar morrer?
Jesus olhou para todos os que estavam em volta dele e disse para o homem:
- Estenda a mão!
O homem estendeu a mão, e ela sarou. Aí os mestres da Lei e os fariseus ficaram furiosos e começaram a conversar sobre o que poderiam fazer contra Jesus.

A face do Deus de Amor

Nesta cena de cura do homem da mão seca, Jesus toma a iniciativa provocadora mostrando que o serviço à vida não pode ser barrado por prescrições legais, religiosas ou não. Com sua compaixão para com os excluídos, em uma prática que entra em choque com o sistema legal do Templo, Jesus revela a face do Deus de amor e desmonta o edifício ideológico da Lei. Uma religião de rígidos preceitos se presta ao favorecimento dos privilégios e do poder daqueles que a lideram. Uma religião deste tipo teme a liberdade. A concentração de poder leva à morte.
Hoje, em um mundo em que as maiores potências acumulam poder econômico e militar, em alguns casos com respaldo religioso, se coloca a esperança em uma ética mundial para salvar a humanidade do caos e da destruição. Qualquer ética, seja religiosa ou secular, terá como fundamentos o compromisso com a justiça e a fraternidade, levando a ações práticas de promoção da vida para todos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Joguem as redes


Leitura Orante
Lc 5,1-11


Certo dia Jesus estava na praia do lago da Galiléia, e a multidão se apertava em volta dele para ouvir a mensagem de Deus. Ele viu dois barcos no lago, perto da praia. Os pescadores tinham saído deles e estavam lavando as redes. Jesus entrou num dos barcos, o de Simão, e pediu que ele o afastasse um pouco da praia. Então sentou-se e começou a ensinar a multidão.
Quando acabou de falar, Jesus disse a Simão:
- Leve o barco para um lugar onde o lago é bem fundo. E então você e os seus companheiros joguem as redes para pescar.
Simão respondeu:
- Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer.
Quando eles jogaram as redes na água, pescaram tanto peixe, que as redes estavam se rebentando. Então fizeram um sinal para os companheiros que estavam no outro barco a fim de que viessem ajudá-los. Eles foram e encheram os dois barcos com tanto peixe, que os barcos quase afundaram. Quando Simão Pedro viu o que havia acontecido, ajoelhou-se diante de Jesus e disse:
- Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador!
Simão e os outros que estavam com ele ficaram admirados com a quantidade de peixes que haviam apanhado. Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão, também ficaram muito admirados. Então Jesus disse a Simão:
- Não tenha medo! De agora em diante você vai pescar gente.
Eles arrastaram os barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus.

Mergulhar no amor de Deus

Em Lucas, de maneira diferente às narrativas de Marcos e Mateus, e também de João, o chamado dos primeiros discípulos é antecedido por um ato de pregação da palavra feito por Jesus. A barca que servira para Simão (Pedro) e os companheiros pescarem é agora usada por Jesus para sua pregação à multidão. E é na adesão a esta palavra que se obtêm bons resultados imprevisíveis, como mostra a pescaria abundante.
Na pessoa de Simão, estes pescadores são chamados também a assumirem o anúncio da palavra. É a palavra que, acolhida com confiança no coração, move à comunhão de vontade com Deus, na participação de sua vida divina e eterna. Deixar tudo e seguir Jesus significa mergulhar no amor de Deus que está semeado nos corações.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A novidade do Reino


Leitura Orante
Lc 4,38-44


Jesus saiu da sinagoga e foi até a casa de Simão. A sogra de Simão estava doente, com febre alta; e contaram isso a Jesus. Aí ele foi, parou ao lado da cama dela e deu uma ordem à febre. A febre saiu da mulher, e, no mesmo instante, ela se levantou e começou a cuidar deles.
Depois de anoitecer, todos os que tinham amigos enfermos, com várias doenças, os levaram a Jesus. Ele pôs as suas mãos sobre cada um deles e os curou. Os demônios saíram de muitas pessoas, gritando:
- Você é o Filho de Deus!
Eles sabiam que Jesus era o Messias, e por isso ele os repreendia e não deixava que falassem.
Quando amanheceu, Jesus saiu da cidade e foi para um lugar deserto. Mas a multidão começou a procurá-lo, e, quando o encontraram, eles não queriam deixá-lo ir embora. Mas Jesus disse:
- Eu preciso anunciar também em outras cidades a boa notícia do Reino de Deus, pois foi para fazer isso que Deus me enviou.
E ele anunciava a mensagem nas sinagogas de todo o país.

O serviço à vida

Lucas segue a mesma sequência de Marcos, articulando a saída de Jesus da sinagoga com a entrada na casa de Simão (Pedro), indicando a nova prática de Jesus.
Era um dia de sábado (Lc 4,31; Mc 1,21). A sogra de Simão sofrendo com febre é a expressão do abatimento sob a carga das restrições legais da sinagoga. Ela, libertada por Jesus da febre que a prostrava, põe-se a servir (diakoneô). É o mesmo verbo que indica os muitos serviços de Marta em Lc 10,40 (cf. 10 out.). Libertada da opressão da lei, ela serve, exercendo trabalhos e infringindo o sábado. O serviço à vida, característico da novidade de Jesus, abole o legalismo que mata.
A seguir, Jesus curava doentes e expulsava demônios. Doenças e maus espíritos eram resultados das precárias condições de vida das multidões excluídas. Jesus, acolhendo, valorizando e promovendo as pessoas, libertava-as de seus males.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Programação


Jesus falava com autoridade


Leitura Orante
Lc 4,31-37


Então Jesus foi para Cafarnaum, uma cidade da região da Galiléia. Ali ele ensinava o povo nos sábados. Eles estavam muito admirados com a sua maneira de ensinar, pois Jesus falava com autoridade. Havia um homem na sinagoga que estava dominado por um demônio. O homem gritou:
- Ei, Jesus de Nazaré! O que você quer de nós? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!
Então Jesus ordenou ao demônio:
- Cale a boca e saia deste homem!
Em frente de todos, o demônio atirou o homem no chão e saiu dele sem lhe causar nenhum ferimento. Todos ficaram espantados e diziam uns para os outros:
- Que tipo de palavras são essas? Este homem, com autoridade e poder, expulsa os espíritos maus, e eles vão embora.
E as notícias a respeito de Jesus se espalharam por toda aquela região.

Autoridade de Jesus

Lucas reproduz, com poucas diferenças, a semelhante narrativa de Marcos. Porém, ele a coloca antes da vocação dos primeiros discípulos, enquanto Marcos a coloca depois. O contexto é o do ensinamento com autoridade de Jesus. "Autoridade" significa competência, coerência e autenticidade. O gesto espantoso de exorcismo é uma expressão da força transformadora da sua palavra e de seu ensino, que liberta as mentes das ideologias religiosas que deformam a face de Deus. Em confronto com os ensinamentos de Jesus encontra-se na sinagoga um espírito impuro que o questiona: "Que queres de nós, Jesus de Nazaré? Viste para nos destruir?". É o espírito que reina na sinagoga e Jesus vem libertar os que ali estão submissos a este espírito.
O anúncio da Palavra abala todo sistema religioso convencional e formal. A Palavra fecunda é a que renova as comunidades e a sociedade, promovendo a unidade em torno da justiça, da dignidade humana e da paz.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Jesus em Nazaré


Leitura Orante
Lc 4,16-30


Jesus foi para a cidade de Nazaré, onde havia crescido. No sábado, conforme o seu costume, foi até a sinagoga. Ali ele se levantou para ler as Escrituras Sagradas, e lhe deram o livro do profeta Isaías. Ele abriu o livro e encontrou o lugar onde está escrito assim:
"O Senhor me deu o seu Espírito. Ele me escolheu para levar boas notícias aos pobres e me enviou para anunciar a liberdade aos presos, dar vista aos cegos, libertar os que estão sendo oprimidos e anunciar que chegou o tempo
em que o Senhor salvará o seu povo."
Jesus fechou o livro, entregou-o para o ajudante da sinagoga e sentou-se. Todas as pessoas ali presentes olhavam para Jesus sem desviar os olhos. Então ele começou a falar. Ele disse:
- Hoje se cumpriu o trecho das Escrituras Sagradas que vocês acabam de ouvir.
Todos começaram a elogiar Jesus, admirados com a sua maneira agradável e simpática de falar, e diziam:
- Ele não é o filho de José?
Então Jesus disse:
- Sem dúvida vocês vão repetir para mim o ditado: "Médico, cure-se a você mesmo." E também vão dizer: "Nós sabemos de tudo o que você fez em Cafarnaum; faça as mesmas coisas aqui, na sua própria cidade."
E continuou:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra. Eu digo a vocês que, de fato, havia muitas viúvas em Israel no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e meio, e houve uma grande fome em toda aquela terra. Porém Deus não enviou Elias a nenhuma das viúvas que viviam em Israel, mas somente a uma viúva que morava em Sarepta, perto de Sidom. Havia também muitos leprosos em Israel no tempo do profeta Eliseu, mas nenhum deles foi curado. Só Naamã, o sírio, foi curado.
Quando ouviram isso, todos os que estavam na sinagoga ficaram com muita raiva. Então se levantaram, arrastaram Jesus para fora da cidade e o levaram até o alto do monte onde a cidade estava construída, para o jogar dali abaixo. Mas ele passou pelo meio da multidão e foi embora.

O filho de José

Jesus atribui a si a missão de anunciar a Boa-Nova aos pobres, descrita pelo profeta Isaías. Jesus é uma pessoa comum da comunidade, é "o filho de José". Não é valorizado pelos seus conterrâneos, que se enchem de fúria. O texto, na realidade, é uma advertência a todo Israel. Foram dois gentios que acreditaram no profeta Eliseu, e não os israelitas.
Em vez de um messias glorioso, esperado pelos judeus, e muitas vezes por nós, Jesus é um homem simples e humilde entre nós, para nos comunicar a sua Vida Divina, na prática do amor.