quarta-feira, 27 de março de 2013

Judas trai Jesus



Mt 26,14-25
Um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: “Que me dareis se eu vos entregar Jesus?” Combinaram trinta moedas de prata. E daí em diante, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo. No primeiro dia dos Pães sem Fermento, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?” Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou celebrar a ceia pascal em tua casa, junto com meus discípulos’”. Os discípulos fizeram como Jesus mandou e prepararam a ceia pascal. Ao anoitecer, Jesus se pôs à mesa com os Doze. Enquanto comiam, ele disse: “Em verdade vos digo, um de vós me vai entregar”. Eles ficaram muito tristes e, um por um, começaram a perguntar-lhe: “Acaso sou eu, Senhor?” Ele respondeu: “Aquele que se serviu comigo do prato é que vai me entregar. O Filho do Homem se vai, conforme está escrito a seu respeito. Ai, porém, daquele por quem o Filho do Homem é entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!” Então Judas, o traidor, perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”.

A traição
Os evangelhos não nos oferecem com clareza o motivo pelo qual Judas Iscariotes teria entregado Jesus. O evangelho de João (12,1-11) e o presente poderiam nos fazer entender que se tratasse de dinheiro. Talvez não fosse a única razão. Jesus não era o Messias combatente que Judas esperava.
No texto de hoje, e nós já o observamos anteriormente (ver o dia 26/03), ante a assertiva de Jesus de que um dentre eles o trairia (v. 21), os demais discípulos sentem-se implicados: “Acaso sou eu, Senhor?” (v. 22). Todos revelam sua fragilidade e insegurança e apontam para uma possibilidade que lhes é comum: a traição. Todos eles são portadores de certo assombro diante da iminência da paixão e morte de Jesus. Na verdade, cada um se sente capaz de trair. A Judas, Jesus responde como ao sumo sacerdote (Mt 26,54), e a Pilatos (27,11): “Tu o dizes” (Mt 26,25).
A cada ser humano é deixada a possibilidade de julgar-se na sua relação com Jesus Cristo.

terça-feira, 26 de março de 2013

Jesus aponta o traidor



Jo 13,21-33.36-38

Jesus ficou interiormente perturbado e testemunhou: “Em verdade, em verdade, vos digo: um de vós me entregará”. Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem estava falando. Ao lado de Jesus, estava reclinado um dos seus discípulos, aquele que Jesus mais amava. Simão Pedro acenou para que perguntasse de quem ele estava falando. O discípulo, [...] perguntou: “Senhor, quem é?” Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der um bocado passado no molho”. Jesus molhou um bocado e deu a Judas, filho de Simão Iscariotes. Depois do bocado, Satanás entrou em Judas. [...] Ele saiu imediatamente. Era noite. [...] Jesus disse: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi glorificado nele, Deus também o glorificará, e o glorificará logo. Filhinhos, por pouco tempo eu ainda estou convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, [...]‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’”. Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, não podes seguir-me agora; mais tarde me seguirás”. Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei minha vida por ti!” Jesus respondeu: “Darás tua vida por mim? Em verdade, em verdade, te digo: não cantará o galo antes que me tenhas negado três vezes”.

Incompreensão dos discípulos
Nosso texto é a sequência do episódio do lava-pés, situado antes da festa de Páscoa dos judeus. A perturbação de Jesus é o desconcerto em face da incompreensão dos discípulos. Diante da afirmação de Jesus: “... um de vós me entregará”, todos os demais discípulos são suspeitos. A traição é obra de Satanás.
Simão Pedro guarda no seu próprio nome a ambiguidade da falta de confiança e da fé, do medo e da coragem de quem será, um dia, capaz de entregar a própria vida pelo Senhor. “Eu darei minha vida por ti!” (v. 37). Simão Pedro terá que passar pela dura prova da paixão e morte do Senhor para depois, superada a reação primária, poder ver com clareza e, como dom, atualizar na sua vida a entrega de Cristo.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Jesus em Betânia

 Jo 12,1-11
Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde morava Lázaro, que ele tinha ressuscitado dos mortos. Lá, ofereceram-lhe um jantar. Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Maria, então, tomando meio litro de perfume de nardo puro e muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os cabelos. A casa inteira encheu-se do aroma do perfume. Judas Iscariotes, um dos discípulos, aquele que entregaria Jesus, falou assim: “Por que este perfume não foi vendido por trezentos denários para se dar aos pobres?” Falou assim, não porque se preocupasse com os pobres, mas, porque era ladrão: ele guardava a bolsa e roubava o que nela se depositava. Jesus, porém, disse: “Deixa-a! Que ela o guarde em vista do meu sepultamento. Os pobres, sempre os tendes convosco. A mim, no entanto, nem sempre tereis”. Muitos judeus souberam que ele estava em Betânia e foram para lá, não só por causa dele, mas também porque queriam ver Lázaro, que Jesus tinha ressuscitado dos mortos. Os sumos sacerdotes, então, decidiram matar também Lázaro, pois por causa dele muitos se afastavam dos judeus e começaram a crer em Jesus.

Serviço e amor
Entramos, com este texto, na parte que se convencionou chamar, no Evangelho de João, de “Livro da Glória”. Estamos já no contexto da paixão. Antes de ir para Jerusalém, Jesus para na casa de Marta, Maria e Lázaro, seus amigos. Jesus é recebido na casa deles como espera ser hóspede em nossa casa.
A atitude de Marta e Maria, durante o banquete, simboliza os traços característicos e indissociáveis da comunidade cristã: o serviço e o amor; (ver: Ct 1,12; 7,6). A objeção ante o mau espírito, contra o que o narrador não poupa palavras, vem de um dos discípulos, Judas Iscariotes. Judas dá importância ao dinheiro, ao invés do amor e do serviço. O gesto de Maria, no entanto, é interpretado pelo próprio Jesus como prefiguração de sua sepultura.

sexta-feira, 22 de março de 2013

O povo rejeita Jesus

Jo 10,31-42
 
De novo, os judeus pegaram em pedras para apedrejar Jesus. E ele lhes disse: “Eu vos mostrei muitas obras boas da parte do Pai. Por qual delas me quereis apedrejar?” Os judeus responderam: “Não queremos te apedrejar por causa de uma obra boa, mas por causa da blasfêmia. Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus!” Jesus respondeu: “Acaso não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: sois deuses’? Ora, ninguém pode anular a Escritura. Se a Lei chama deuses as pessoas às quais se dirigiu a palavra de Deus, por que, então, acusais de blasfêmia àquele que o Pai consagrou e enviou ao mundo, só porque disse: ‘Eu sou Filho de Deus’? Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim. Mas, se eu as faço, mesmo que não queirais crer em mim, crede nas minhas obras, para que saibais e reconheçais que o Pai está em mim e eu no Pai”. Mais uma vez, procuravam prendê-lo, mas ele escapou das suas mãos. Jesus se retirou de novo para o outro lado do Jordão, para o lugar onde, antes, João esteve batizando. Ele permaneceu lá, e muitos foram a ele. Diziam: “João não fez nenhum sinal, mas tudo o que ele falou a respeito deste homem é verdade”. E muitos, ali, passaram a crer nele.

É pela Palavra que Jesus é rejeitado
A ameaça e o desejo de matar Jesus são contínuos do quarto evangelho (veja, por exemplo: 8,59; 10,31, entre outros). A razão pela qual querem matar Jesus é dada, a blasfêmia: “Tu, sendo apenas um homem, pretendes ser Deus!” (v. 33). O texto apresenta ainda uma divisão acerca da pessoa de Jesus: para uns ele é um blasfemo (v. 33), enquanto outros o julgavam digno de fé (vv. 41-42).
Não são pelas obras que querem apedrejar Jesus (cf. v. 33), mas pela palavra – a blasfêmia. Ora, o leitor do evangelho, que já passou pelo prólogo, sabe que “no princípio era a Palavra, a Palavra estava com Deus, e a palavra era Deus” (Jo 1,1).

quarta-feira, 20 de março de 2013

A verdade vos tornará livres



Jo 8,31-42
Jesus disse aos judeus que acreditaram nele: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos tornará livres”. Eles responderam: “Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como podes dizer: ‘Vós vos tornareis livres’?” Jesus respondeu: [...] “Todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado. O escravo não permanece para sempre na casa, o filho nela permanece para sempre. Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres. Bem sei que sois descendentes de Abraão. No entanto, procurais matar-me, porque minha palavra não encontra espaço em vós. Eu falo do que vi junto do Pai; e vós fazeis o que ouvistes do vosso pai”. Eles responderam: “Nosso pai é Abraão”. Jesus lhes disse: “Se fôsseis filhos de Abraão, praticaríeis as obras de Abraão! Agora procurais matar-me, porque vos falei a verdade que ouvi de Deus. Isto Abraão não fez. Vós fazeis as obras do vosso pai”. Eles disseram então a Jesus: “Nós não nascemos da prostituição. Só temos um pai: Deus”. Jesus respondeu: “Se Deus fosse vosso pai, certamente me amaríeis, pois é da parte de Deus que eu saí e vim. Eu não vim por conta própria; foi ele quem me enviou”.

Em Jesus se revela a libertação
Depois do episódio da mulher adúltera, retornamos ao discurso de Jesus. O gênero do discurso é um dos traços característicos do evangelho segundo João.
Os destinatários desta parte do discurso são os judeus que haviam crido em Jesus (v. 31), mas que têm dificuldade de se abrir e compreender em profundidade seu ensinamento, e colocá-lo em prática.
É em Jesus que se revela a verdade de Deus que liberta. Esta verdade não é, em primeiro lugar, movimento do intelecto, mas algo recebido na fé e na escuta atenta da Palavra encarnada de Deus. É essa verdade, recebida como dom pela revelação, que permite ao ser humano não cair na escravidão. O pecado escraviza e nega a liberdade, pois é fechamento à comunhão com Deus.

terça-feira, 19 de março de 2013

19 de Março - São José

Do esposo de Maria sabemos somente aquilo que nos dizem os evangelistas Mateus e Lucas, mas é o que basta para colocar esse incomparável "homem justo" na mais alta cátedra de santidade e de nossa devoção, logo abaixo da Mãe de Jesus.
Venerado desde os primeiros séculos no Oriente, seu culto se difundiu no Ocidente somente no século IX, mas num crescendo não igual ao de outros santos. Em 1621, Gregório XV declarou de preceito a festa litúrgica deste dia; Pio IX elegeu são José padroeiro da Igreja, e os papas sucessivos o enriqueceram de outros títulos, instituindo uma segunda comemoração no dia 1º de maio, ligada a seu modesto e nobre ofício de artesão.
O privilégio de ser pai adotivo do MEssias constitui o título mais alto concedido a um homem.
O extraordinário evento da Anunciação e da divina maternidade de Maria - da qual foi advertido pelo anjo depois da sofrida decisão de repudiar a esposa - coloca são José sob uma luz de simpatia humana, em razão do papel de devoto defensos da incolumidade da Virgem Mãe, mistério prenunciado pelos profestas, mas acima da inteligência humana.
Resolvido o angustiante dilema, José não se questiona. Cumpre as prescrições da lei: dirige-se a Belém para rescenseamento, assiste Maria no parto, acolhe os pastores e os reis Magos com útil disponibilidade, conduz a salvo Maria e o Menino para subtraí-lo do sanguinário Herodes, depois volta à laboriosa quietude da casinha de Nazaré, aprtilhando alegrias e dores comuns a todos os pais de família que deviam ganhar o pão com o suor de sua fronte. Nós o revemos na ansiosa procura de Jesus, que ele conduz ao templo por ter cumprido os 12 anos de idade.
Enfim, o Evangelho se despede dele com uma imagem rica de significado, que coloca mais de um tema para nossa reflexão: Jesus, o filho de Deus, o Messias esperado, obedece a ele e a Maria, crescendo em sabedoria, idade e graça.

O justo José


Mt 1,16.18-21.24a ou Lc 2,41-51a

Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. Ora, a origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu esposo, sendo justo e não querendo denunciá-la publicamente, pensou em despedi-la secretamente. Mas, no que lhe veio esse pensamento, apareceu-lhe em sonho um anjo do Senhor, que lhe disse: "José, Filho de Davi, não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados". Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado.

A missão de José
Para a nossa breve reflexão vamos tomar o texto de Mateus.
O trecho trata da missão de José. A importância do papel de José (vv. 18.19.20.24.25) consiste no fato de que ele tem por tarefa inserir seu filho na linhagem de seus ancestrais, no povo eleito de Deus.
José era um homem "justo" (cf. v. 19) - conhecendo por revelação a origem divina do filho (v. 18) - e julga não poder receber na sua casa alguém que o Senhor reservou para si; por isso, procura despedir Maria secretamente (cf. v. 19). Ele é obediente: "Quando acordou, José fez exatamente conforme o anjo do Senhor tinha mandado" (v. 24).

segunda-feira, 18 de março de 2013

“Eu também não te condeno"



Jo 8,1-11
Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou ao templo, e todo o povo se reuniu ao redor dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. Os escribas e os fariseus trouxeram uma mulher apanhada em adultério. Colocando-a no meio, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi flagrada cometendo adultério. Moisés, na Lei, nos mandou apedrejar tais mulheres. E tu, que dizes?” Eles perguntavam isso para experimentá-lo e ter motivo para acusá-lo. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever no chão, com o dedo. Como insistissem em perguntar, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra!” Inclinando-se de novo, continuou a escrever no chão. Ouvindo isso, foram saindo um por um, a começar pelos mais velhos. Jesus ficou sozinho com a mulher que estava no meio, em pé. Ele levantou-se e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor!” Jesus, então, lhe disse: “Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais”.

Proteger o dom da vida
No dia anterior já comentamos este mesmo evangelho.
A pergunta dos escribas e fariseus a Jesus era uma armadilha.
Requerem de Jesus uma interpretação da Lei de Moisés sobre o adultério (cf. Ex 20,14; Dt 5,18) e a pena imposta para tal caso (cf. Lv 20,10; Dt 22,22-24).
O importante não é a leitura casuística da Lei de Deus, mas a sua interpretação e aplicação a partir da razão pela qual ela existe: proteger o dom da vida e garantir a liberdade do povo de Deus. Aqui contra a vida e a liberdade, eis a grande falta. Não permitir que a misericórdia seja o princípio da ação, eis o pecado! É esta perspectiva que abre para aquela mulher a possibilidade de uma vida transfigurada em Jesus, o Cristo.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Jesus, o Cristo, Filho de Deus



Jo 7,1-2.10.25-30
Depois disso, Jesus percorria a Galileia; não queria andar pela Judeia, porque os judeus procuravam matá-lo. Estava próxima a festa dos judeus, chamada das Tendas. Depois que seus irmãos subiram para a festa, Jesus subiu também, não publicamente, mas em segredo. Alguns de Jerusalém diziam: "Não é este a quem procuram matar? Olha, ele fala publicamente e ninguém lhe diz nada. Será que os chefes reconheceram que realmente ele é o Cristo? Mas este, nós sabemos de onde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá de onde é". Enquanto, pois, ensinava no templo, Jesus exclamou: "Sim, vós me conheceis, e sabeis de onde eu sou. Ora, eu não vim por conta própria; aquele que me enviou é verdadeiro, mas vós não o conheceis. Eu o conheço, porque venho dele e foi ele quem me enviou!" Eles procuravam, então, prendê-lo, mas ninguém lhe pôs as mãos, porque ainda não tinha chegado a sua hora.

O perigo de fechar-se à novidade de Deus
O texto revela a razão do não reconhecimento de Jesus como Messias, a saber, uma ideia hermética e equivocada do Messias, além da falta de conhecimento do Pai: ". este, nós sabemos de onde é. O Cristo, quando vier, ninguém saberá de onde é" (v. 27). Pensava-se que o Messias teria uma origem desconhecida. Fecharam-se à novidade de Deus, esqueceram-se de que Deus é surpreendente, por isso identificavam Jesus com um simples homem e não se permitiam o salto da fé. A resposta de Jesus revela a ignorância deles, pois pensam saber de onde Jesus vem, mas, de fato, não o sabiam. Parece, da parte de Jesus, uma ironia ao dizer: "... sabeis de onde eu sou!" (v. 28). A sua origem é outra: ele vem do Pai (cf. v. 29). Eles não conhecem o Pai (cf. v. 28), por isso não podem reconhecer aquele que Deus enviou (cf. v. 29).

quarta-feira, 13 de março de 2013

Novo papa escolhe o nome Francisco 1º

O argentino Jorge Mario Bergoglio, escolhido nesta quarta (13) o novo papa

  • O argentino Jorge Mario Bergoglio, escolhido nesta quarta (13) o novo papa
A Igreja Católica anunciou às 20h14 (16h14 de Brasília) desta quarta-feira (13) quem é seu novo papa: o cardeal Jorge Mario Bergoglio, 76 anos, da Argentina, foi o escolhido para suceder Bento 16 no conclave que começou na terça-feira (12) e terminou hoje, às 19h07 (15h07 de Brasília), quando a fumaça branca tomou a praça São Pedro, após cinco escrutínios. O nome papal escolhido pelo cardeal Bergoglio é Francisco 1º.

O nome do novo papa foi revelado após o famoso "Annuntio vobis gaudium, habemus Papam" ("anuncio uma grande alegria: temos um papa"), feito pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran.
Jorge Mario Bergoglio, que nasceu em 17 de dezembro de 1936, se tornou arcebispo de Buenos Aires desde 1998 e foi nomeado cardeal em 2001, por João Paulo 2º, é o primeiro papa latino-americano da história da Igreja Católica.

Na Argentina, Bergoglio é conhecido pelo conservadorismo e pela batalha contra o kirchnerismo. O prelado também é reconhecido por ser um intenso defensor da ajuda aos pobres. O argentino costuma apoiar programas sociais e desafiar publicamente políticas de livre mercado.
 
O conservadorismo do novo papa é conhecido por declarações contra o aborto e a eutanásia. Além disso, embora ressalte que homossexuais merecem respeito, Bergoglio é contra o casamento gay.

Escolha aconteceu 13 dias após renúncia de Bento 16

Após 13 dias da renúncia de Bento 16, a quinta votação do conclave, realizada na tarde desta quarta-feira (13), terminou com a escolha do novo papa. Às 15h07 (Brasília), uma fumaça branca saiu da chaminé da capela Sistina, indicando que os cardeais chegaram a um consenso sobre o próximo líder da Igreja Católica Apostólica Romana.

Escolha do novo papa

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  • Duração dos últimos conclaves
Os sinos da basílica de São Pedro confirmaram que o novo pontífice recebeu ao menos dois terços dos votos dos cardeais e já aceitou a missão de comandar a Santa Sé.
O anúncio dos nomes de batismo e pelo qual será conhecido o sucessor de Bento 16 será feito na sacada da basílica de São Pedro, com a famosa frase: "Habemus Papam!".
A escolha foi realizada por 115 cardeais, sendo cinco brasileiros: dom Raymundo Damasceno Assis, 76; dom Odilo Scherer, 63; dom Geraldo Majella Agnelo, 79; dom Cláudio Hummes, 78; e dom João Braz de Aviz, 64.
Estavam aptos a votar apenas os cardeais com menos de 80 anos. A presença deles, segundo o Vaticano, era obrigatória. No entanto, dois eleitores conseguiram a dispensa necessária para não participarem da votação, um por motivo de saúde (cardeal indonésio Julius Darmaatjadja) e outro por ter renunciou ao cargo (cardeal britânico Keith O'Brien).
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Multidão acompanha escolha de novo papa no Vaticano17 fotos

12 / 17
12.mar.2013 - Multidão lota Praça de São Pedro, no Vaticano, no primeiro dia do conclave. A chaminé da Capela Sistina soltou fumaça preta no fim desta terça-feira, sinal de que os cardeais enclausurados não chegaram a um consenso sobre o novo papa Leia mais Dylan Martinez/AFP

A renúncia

Bento 16 anunciou sua renúncia no dia 11 de fevereiro em um discurso pronunciado em latim durante um encontro de cardeais no Vaticano. Ao justificar sua decisão, o pontífice de 85 anos alegou fragilidade por conta da idade avançada.
O pontífice disse que "no mundo de hoje (...), é necessário o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado".
O Vaticano negou que uma doença tenha sido o motivo da renúncia. Mas, segundo o jornal "O Estado de S.Paulo", uma disputa interna de poder praticada por ex-aliados nos últimos meses pode ser uma das razões para a tomada de decisão do pontífice. Esta é a primeira vez na era moderna que um papa da Igreja Católica renuncia ao pontificado.

O Filho faz o que vê o Pai fazer


Jo 5,17-30

Jesus deu-lhes esta resposta: "Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho". Por isso, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, pois, além de violar o sábado, chamava a Deus de Pai, fazendo-se assim igual a Deus. Jesus deu-lhes esta resposta: [...]"o Filho não pode fazer nada por si mesmo; ele faz apenas o que vê o Pai fazer. O que o Pai faz, o Filho o faz igualmente. O Pai ama o Filho e lhe mostra tudo o que ele mesmo faz. E lhe mostrará obras maiores ainda, de modo que ficareis admirados. [...] o Pai não julga ninguém, mas deu ao Filho o poder de julgar, para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, também não honra o Pai que o enviou. [...] Quem escuta a minha palavra e crê naquele que me enviou possui a vida eterna e não vai a julgamento, mas passou da morte para a vida. [...] Vem a hora, e é agora, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e os que a ouvirem viverão. Assim como o Pai possui a vida em si mesmo, do mesmo modo concedeu ao Filho possuir a vida em si mesmo. Além disso, deu-lhe o poder de julgar, [...] Vem a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão sua voz, e sairão. Aqueles que fizeram o bem ressuscitarão para a vida; e aqueles que praticaram o mal, ressuscitarão para a condenação. Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo segundo o que eu escuto, e o meu julgamento é justo, porque procuro fazer não a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou".

Jesus e o Pai
Há, aqui, uma ampliação das consequências do episódio anterior. Os judeus procuravam matá-lo por duas razões, segundo o nosso texto: por violar o sábado e por dizer que Deus era seu Pai, fazendo-se igual a Deus. Diante da crítica de ter curado em dia de sábado, Jesus responderá: "Meu Pai trabalha sempre, e eu também trabalho". A afirmação de Jesus encontra apoio em Dt 5,12-15, em que não se diz que Deus descansa, mas que o homem deve parar o seu trabalho no dia de sábado para fazer memória da saída do Egito. A comunhão com o Pai é que faz com que o Filho faça a obra de Deus. 

terça-feira, 12 de março de 2013

Jesus cura em dia de sábado



Jo 5,1-16

Houve uma festa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Existe em Jerusalém, perto da Porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Bezata em hebraico. Muitos doentes, cegos, coxos e paralíticos ficavam ali deitados. Encontrava-se ali um homem enfermo havia trinta e oito anos. Jesus o viu ali deitado e, [...] perguntou-lhe: "Queres ficar curado?" O enfermo respondeu: "Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água se movimenta. Quando estou chegando, outro entra na minha frente". Jesus lhe disse: "Levanta-te, pega a tua maca e anda". No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua maca e começou a andar. Aquele dia era um sábado. Os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: "É sábado. Não te é permitido carregar a tua maca". Ele respondeu: "Aquele que me curou disse: 'Pega tua maca e anda!'" Então lhe perguntaram: "Quem é que te disse: 'Pega a tua maca e anda'?" O homem que tinha sido curado não sabia quem era, pois Jesus se afastara da multidão [..]. Mais tarde, Jesus encontrou o homem no templo e lhe disse: "Olha, estás curado. Não peques mais, para que não te aconteça coisa pior". O homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. Os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado.

Iniciativa de Jesus para com o enfermo
É o terceiro numa sucessão de sete sinais. A cura contrasta com o longo período de enfermidade. Se o narrador localiza, em Jerusalém, a piscina e diz da expectativa terapêutica que se depositava nela, ele não lhe dá nenhuma importância. Todo relato está centrado na iniciativa de Jesus e na sua palavra eficaz: "Levanta-te, pega tua maca e anda". Quando interpelado pelos judeus, o homem responderá evocando a palavra de Jesus que o arrancou da falta de esperança ("não tenho ninguém que me leve à piscina" - v. 7) e o fez viver. A rigidez num determinado modo de observância da Lei impedirá os judeus de reconhecerem nesta palavra eficaz o sinal que conduz a Deus. 

segunda-feira, 11 de março de 2013

"Podes ir, teu filho vive"


Jo 4,43-54
Passados os dois dias, Jesus foi para a Galileia. (Jesus mesmo tinha declarado que um profeta não é reconhecido em sua própria terra.) Quando chegou à Galileia, os galileus o receberam bem, porque tinham visto tudo o que fizera em Jerusalém, por ocasião da festa. [...] Jesus voltou a Caná da Galileia, onde tinha mudado a água em vinho. Havia um funcionário do rei, cujo filho se encontrava doente. Quando ouviu dizer que Jesus tinha vindo da Judeia para a Galileia, ele foi ao encontro dele e pediu-lhe que descesse até Cafarnaum para curar seu filho, que estava à morte. Jesus lhe disse: \"Se não virdes sinais e prodígios, nunca acreditareis\". O funcionário do rei disse: \"Senhor, desce, antes que meu filho morra!\" Ele respondeu: \"Podes ir, teu filho vive\". O homem acreditou na palavra de Jesus e partiu. Enquanto descia para Cafarnaum, os empregados foram-lhe ao encontro para dizer que seu filho vivia. O funcionário do rei perguntou a que horas o menino tinha melhorado. Eles responderam: \"Ontem, à uma da tarde, a febre passou\". O pai verificou que era nessa hora que Jesus lhe tinha dito: \"Teu filho vive\". Ele passou a crer, com sua família. Também este segundo sinal, Jesus o fez depois de voltar da Judeia para a Galileia.

Jesus, Aquele que faz viver
Trata-se do segundo sinal (cf. v. 54). O primeiro foi o das bodas de Caná (cf. v. 46). O sinal, por si, não é evidente (ver, por exemplo, Jo 6,26) e se oferece à interpretação. Se corretamente interpretado, leva à fé em Jesus Cristo, Filho de Deus (cf. Jo 2,11; 4,53b; 20,30-31). Jesus é apresentado como Aquele que faz viver. A palavra de Jesus é eficaz, realiza o que é dito: \"Podes ir, teu filho vive!\". Do ouvinte ou leitor do evangelho é exigida fé, pelos dois comentários do narrador: do funcionário do rei, se diz que ele acreditou na palavra de Jesus, e, depois de constatada a eficácia da palavra de Jesus, se diz que ele e toda a sua família creram em Jesus. A fé permite reconhecer na vida a ação de Deus. 

sexta-feira, 8 de março de 2013

O mandamento maior


Mc 12,28b-34

Então um escriba aproximou-se de Jesus e perguntou: "Qual é o primeiro de todos os mandamentos?" Jesus respondeu: "O primeiro é este: 'Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é um só. Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com toda a tua força!' E o segundo mandamento é: 'Amarás teu próximo como a ti mesmo!' Não existe outro mandamento maior do que estes". O escriba disse a Jesus: "Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: 'Ele é o único, e não existe outro além dele'. Amar a Deus de todo o coração, com toda a mente e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo, isto supera todos os holocaustos e sacrifícios". Percebendo Jesus que o escriba tinha respondido com inteligência, disse-lhe: "Tu não estás longe do Reino de Deus". E ninguém mais tinha coragem de fazer-lhe perguntas. 

O amor como origem da Lei
O texto que nos ocupa faz parte de uma série de textos que, no evangelho de Marcos, são caracterizados como "diálogos didáticos". Tais diálogos têm por finalidade instruir os discípulos a apresentar o que é fundamental para a vida cristã. 
O que é óbvio para muitos de nós, hoje, não o era para os contemporâneos de Jesus. Não era difícil, entre tantos mandamentos a serem observados (613), se perguntar: Qual é o maior? Qual deles é o primeiro, isto é, o fundamento de todos os demais? Qual deles, numa situação de conflito entre dois ou mais preceitos, tem precedência e é exigido pela Lei? A resposta de Jesus é sem equívoco: o amor a Deus que exige o amor ao próximo. O amor não é um entre outros mandamentos, mas é ele que está na origem da Lei. Para o discípulo, o amor é a expressão máxima da vida cristã. 

quinta-feira, 7 de março de 2013

Jesus liberta e cura um mudo

Lc 11,14-23

Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo começou a falar, e as multidões ficaram admiradas. Alguns disseram: "É pelo poder de Beelzebu, o chefe dos demônios, que ele expulsa os demônios". Outros, para tentar Jesus, pediam-lhe um sinal do céu. Mas, conhecendo seus pensamentos, ele disse-lhes: "Todo reino dividido internamente será destruído; cairá uma casa sobre a outra. Ora, se até Satanás está dividido internamente, como poderá manter-se o seu reino? Pois dizeis que é pelo poder de Beelzebu que eu expulso os demônios. Se é pelo poder de Beelzebu que eu expulso os demônios, pelo poder de quem então vossos discípulos os expulsam? [...] Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, é porque o Reino de Deus já chegou até vós. Quando um homem forte e bem armado guarda o próprio terreno, seus bens estão seguros. Mas, quando chega um mais forte do que ele e o vence, arranca-lhe a armadura em que confiava e distribui os despojos. Quem não está comigo é contra mim; e quem não recolhe comigo, espalha".

O mal impede de falar as maravilhas de Deus
Na subida para a sua Páscoa, Jesus vai fazendo as pessoas viverem. Sua presença na vida das pessoas comunica o Espírito Santo e arranca o mal que desfigura, no homem, o brilho originário da imagem de Deus. 
A mudez era considerada possessão demoníaca. O mal impede de falar, de bem falar; o mal distorce a linguagem. Expulsando o demônio, que impedia de falar, Jesus faz o mudo renascer para a palavra. Ora, o próprio Lucas, na segunda parte da sua obra, os Atos dos Apóstolos, diz que é o Espírito Santo quem faz falar as maravilhas de Deus (cf. At 2,1-11). À admiração da multidão, opõe-se a resistência de alguns. O leitor do evangelho já sabe que Jesus possui o Espírito de Deus (Lc 3,21-22; 4,1.18). Dizer que é por Beelzebu que Jesus expulsa os demônios é falta de discernimento, é confundir o Espírito Santo com Beelzebu - eis aí o mal! 

quarta-feira, 6 de março de 2013

O valor da lei por amor



Mt 5,17-19

"Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para cumprir. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça. Portanto, quem desobedecer a um só destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar os outros, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus."

A plenitude da lei
Como parte do primeiro grande discurso do evangelho segundo Mateus, o sermão da montanha (5-7), o texto começa eliminando um equívoco: "Não penseis que eu vim abolir a Lei e os Profetas" (v. 7a). A expressão "a Lei e os Profetas" não é um registro puramente jurídico, mas um modo de designar a Escritura na sua totalidade. Não há tensão entre os dois termos: a Lei é necessária para atestar e confirmar a veracidade da palavra profética; a profecia é indispensável para interpretar a Lei. Toda a Escritura é inspirada por Deus (cf. 1Tm 3,16) e, enquanto tal, não pode ser abolida. Jesus veio para dar pleno cumprimento à Escritura (cf. v. 17b). A Lei é dada por Deus para preservar o dom da vida e da liberdade. Jesus leva a Lei e os Profetas à plenitude na medida em que ele é a realização da promessa e, enquanto tal, faz com que a Lei e os Profetas dependam do mandamento do amor a Deus e ao próximo (cf. Mt 22,40). Com isso, Jesus oferece uma chave hermenêutica à qual todas as prescrições devem se ajustar. A Lei de Moisés continua válida, mas precisa ser interpretada à luz da revelação de Jesus Cristo (cf. 5,17; 7,12; 22,40).

terça-feira, 5 de março de 2013

A incontável medida do perdão



Mt 18,21-35
Pedro perguntou a Jesus: "Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?" Jesus respondeu: "Digo-te, [...] setenta vezes sete vezes. O Reino dos Céus é como um rei que resolveu ajustar contas com seus servos. [...] trouxeram-lhe um que lhe devia uma fortuna inimaginável. Como o servo não tivesse com que pagar, o senhor mandou que fosse vendido como escravo, com a mulher, os filhos e tudo o que possuía [...]. O servo, porém, prostrou-se diante dele pedindo: 'Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo'. O senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida. Ao sair dali, aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma quantia irrisória. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: 'Paga o que me deves'. O companheir, suplicava: 'Tem paciência comigo, e eu te pagarei'. Mas o servo não quis saber. Mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que estava devendo. Quando viram o que havia acontecido, os outros servos ficaram sentidos, procuraram o senhor e lhe contaram tudo. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: 'Servo malvado, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro [...]?' O senhor se irritou e mandou entregar aquele servo aos carrascos, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão".

Perdoar à medida da compaixão de Deus

Como parte do "discurso eclesiológico" (Mt 18), o texto de hoje apresenta o tema dominante de todo o discurso: o perdão. Não se trata de quantificar o perdão, mas de imitar a compaixão de Deus que perdoa toda dívida . A experiência, consciência e reconhecimento de ter sido perdoado por Deus, tem para o membro da comunidade uma implicação prática: perdoar. Nesse sentido os versículos 32b-33 resumem o ensinamento da parábola: ". eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?".

segunda-feira, 4 de março de 2013

Nenhum profeta é aceito em sua própria terra

Lc 4,24-30
E acrescentou: "Em verdade, vos digo que nenhum profeta é aceito na sua própria terra. Ora, a verdade é esta que vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e uma grande fome atingiu toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado o profeta Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi curado, senão Naamã, o sírio". Ao ouvirem estas palavras, na sinagoga, todos ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no para o alto do morro sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de empurrá-lo para o precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

Incredulidade dos concidadãos de Jesus

Nosso texto é parte do discurso programático de Jesus, na sinagoga de Nazaré (Lc 4,16-30). O versículo precedente (v. 23), no qual é dito, em forma proverbial, a incredulidade dos concidadãos de Jesus, é o que permite a citação dos fatos do Antigo Testamento.
A evocação dos fatos tirados do ciclo de Elias e Eliseu estabelece um paralelo entre Israel e Nazaré. Nazaré passa a ser o protótipo da rejeição de Jesus por Israel. Jesus é um profeta não somente porque ele se sabe enviado, mas porque é rejeitado. Eis o critério que permite verificar a autenticidade de sua vocação: "... nenhum profeta é aceito na sua própria terra" (v. 24). O profeta é consciente das dificuldades na realização da missão, por isso é chamado a viver na confiança: "Farão guerra contra ti, mas não te vencerão, porque estou contigo para te defender, oráculo do Senhor" (Jr 1,19). Não há nada nem ninguém que possa impedir o Senhor de continuar o seu caminho de realização da vontade do Pai: ". passando pelo meio deles, continuou o seu caminho" (v. 30).

sexta-feira, 1 de março de 2013

A parábola da vinha


Mt 21,33-43.45-46

"Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, cavou nela um lagar para pisar as uvas e construiu uma torre de guarda. Ele a alugou a uns agricultores e viajou para o estrangeiro. No tempo da colheita, ele mandou seus servos aos agricultores para receber seus frutos. Os agricultores, porém, agarraram os servos, espancaram a um, mataram a outro, e a outro apedrejaram. Ele mandou outros servos, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram do mesmo modo. Por fim, enviou-lhes o próprio filho, pensando: 'A meu filho respeitarão'. Os agricultores ao verem o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de sua herança!' Agarraram-no, lançaram-no fora da vinha e o mataram. Quando o dono da vinha voltar, que fará com esses agricultores?" Eles responderam: "Dará triste fim a esses criminosos e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo". Jesus lhes disse: "Nunca lestes nas Escrituras: 'A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se a pedra angular. Isto foi feito pelo Senhor, e é admirável aos nossos olhos'? Por isso vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e entregue a um povo que produza frutos". Os sumos sacerdotes e os fariseus ouviram as parábolas de Jesus e entenderam que estava falando deles. Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas o tinham na conta de profeta.

Um alerta para produzir frutos

A parábola não é um retrato da realidade, mas tem por finalidade ajudar a compreender o mistério de Deus, do seu Reino e da vida humana. A vinha é símbolo do povo de Deus, povo que Deus criou e cuida com amor (ver: Is 5,1-7). Há os que são escolhidos para cuidar e proteger o povo, em nome do Senhor, mas o povo pertence a Deus. A parábola de hoje denuncia, em primeiro lugar, aqueles que querem se apossar da vinha (povo) que pertence a Deus, ao invés de produzirem frutos. Em segundo lugar, ela nos faz compreender que a morte de Jesus foi premeditada: "Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de sua herança" (v. 38). A parábola não termina com um juízo condenatório, mas é um alerta a viver em conformidade com o dom de Deus e, por isso, produzir frutos.