quinta-feira, 25 de julho de 2013

O discípulo serve -

 Mt 20,20-28
A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Ele perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. Jesus disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. “Sim”, declarou Jesus, “do meu cálice bebereis, mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou”. Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com os dois irmãos. Jesus, porém, chamou-os e disse: “Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.

O resto pertence a Deus
A intervenção da mãe dos filhos de Zebedeu se dá depois do terceiro anúncio da paixão, morte e ressurreição de Jesus (Mt 20,17-19).
Cada um dos anúncios da paixão provoca nos discípulos uma reação que revela sua incompreensão acerca do mistério de Cristo e da condição do discípulo. A mãe dos filhos de Zebedeu postula um lugar de privilégio para os seus dois filhos. Essa não deve ser a súplica do discípulo, pois o seu caminho deve se identificar com o caminho do mestre, pois “o discípulo não é mais que o Mestre; ao discípulo basta ser como o Mestre” (Mt 10,24-25). A identificação do discípulo com seu Mestre supõe participação efetiva na paixão e morte de Jesus: “Podeis beber o cálice que eu vou beber?” (v. 22). É esta decisão que importa: “Podemos”. O resto pertence a Deus. Aos discípulos compete, fundados no exemplo de Jesus, construir uma comunidade caracterizada pelo serviço generoso e gratuito.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O semeador -

Mt 13,1-9

Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas, dizendo: “O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram fruto: uma cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça!”

Deus confia na humanidade
A parábola do semeador, para transmitir sua mensagem, descreve uma atividade muito comum em Israel: a semeadura. O agricultor semeia para poder colher (ver: Is 55,10-11), e da sua colheita depende a sua vida e a de toda a sua família. Qualquer agricultor, depois de semear, fica preocupado com o crescimento da semente, e se a produção corresponderá ao esforço empreendido. A parábola mostra que o insucesso da semeadura é uma realidade para quem planta.
Não obstante, a esperança move sempre o agricultor: ele sabe, quando semeia, que há um terreno produtivo, uma terra boa, que não lhe decepcionará. O agricultor confia na sua terra, na sua semente. Se não houvesse essa confiança, ele iria para um outro lugar. O sentido para o ouvinte e para o leitor é este: se Deus envia o semeador para semear a boa semente é porque ele confia na terra e na humanidade: “Deus amou tanto o mundo que enviou o seu Filho único…” (Jo 3,16).
Deus semeia e sabe que a terra, não obstante tantas dificuldades, produzirá fruto. A parábola nos ensina, em primeiro lugar, algo sobre Deus: Deus confia na humanidade, e é esta fé de Deus em nós que alimenta nossa esperança e move nosso empenho em receber generosamente sua Palavra. Outro aspecto importante: o crescimento da semente depende de um processo, de tempo, para produzir seus frutos.

terça-feira, 23 de julho de 2013

A mãe e os irmãos de Jesus

Mt 12,46-50
 
Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém lhe disse: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo”. Ele respondeu àquele que lhe falou: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

É preciso se aproximar e se deixar envolver por Jesus
O texto nos lembra o final do longo discurso sobre a montanha (5,7): “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor!, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que fez a vontade do meu Pai que está nos Céus” (7,21).
Num texto próprio a Marcos, ele nos dá a razão pela qual a parentela de Jesus vai ter com ele. O contexto é a multidão que incessantemente acorre a Jesus a ponto de não poderem, ele e seus discípulos, alimentar-se. A sua família toma a decisão de ir buscá-lo para levá-lo para casa, pois pensavam que ele estivesse “fora de si” (Mc 3,20-21). Observamos que o termo irmão, na linguagem bíblica, abrange os parentes. Ao chegar os familiares acompanhados da mãe de Jesus, eles são anunciados.
Por duas vezes se diz que estão “do lado de fora” (vv. 46.47). Esta sutil observação parece-nos importante: distante de Jesus, sem ouvir sua palavra, seus ensinamentos, sem contemplar o que ele faz em favor da multidão, sem se deixar tocar por ele, tudo parece loucura. É preciso se aproximar, entrar no “círculo” de Jesus, se aproximar e se deixar envolver por sua palavra, para poder fazer a experiência de que “o que é loucura no mundo, Deus escolheu para confundir o que é forte” (1Cor 1,27).
A família que Jesus reúne ultrapassa os laços de sangue, pois é “todo aquele que faz a vontade do Pai que está nos céus” (v. 59).

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Mulher, por que choras? -

Jo 20,1-2.11-18

No primeiro dia da semana, quando ainda estava escuro, Maria Madalena foi ao túmulo e viu que a pedra tinha sido retirada do túmulo. Ela saiu correndo e foi se encontrar com Simão Pedro e com o outro discípulo, aquele que Jesus mais amava. Disse-lhes: “Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram”. Maria tinha ficado perto do túmulo, do lado de fora, chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para olhar dentro do túmulo. Ela enxergou dois anjos, vestidos de branco, sentados onde tinha sido posto o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. Os anjos perguntaram: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Levaram o meu Senhor e não sei onde o colocaram”. Dizendo isto, Maria virou-se para trás e enxergou Jesus em pé, mas ela não sabia que era Jesus. Jesus perguntou-lhe: “Mulher, por que choras? Quem procuras?” Pensando que fosse o jardineiro, ela disse: “Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o colocaste, e eu irei buscá-lo”. Então, Jesus falou: “Maria!” Ela voltou-se e exclamou, em hebraico: “Rabûni!” (que quer dizer: Mestre). Jesus disse: “Não me segures, pois ainda não subi para junto do Pai. Mas vai dizer aos meus irmãos: subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Então, Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor”, e contou o que ele lhe tinha dito.

O salto próprio da fé
O primeiro dia da semana é o tempo privilegiado do encontro com o Ressuscitado. Maria Madalena desconcertada e embebida na tristeza, vai ao túmulo, ainda de madrugada, quando é difícil ver com clareza. Só a aparência (a pedra retirada da entrada do sepulcro e o sepulcro vazio) não é suficiente para a fé.
É necessário um olhar mais límpido e profundo. Efetivamente, há uma tristeza que imobiliza e impede o salto próprio da fé. As lágrimas da desolação distorcem o olhar. Por isso, os mensageiros de Deus dirão a Maria Madalena: “... por que choras? Quem procuras?” (v. 15). Esta palavra é extensiva a todo leitor do evangelho, a toda a Igreja. O encontro com o Senhor da vida enxuga nossas lágrimas; é ele quem nos liberta da realidade da morte. Sua presença e sua palavra suscitam em Maria e em nós a exclamação do reconhecimento e da fé: “Rabûni!” (v. 16). Maria Madalena, testemunha do Ressuscitado, pode compreender agora que o corpo do Senhor não foi roubado, mas transfigurado. Esse encontro fará dela arauto de uma boa notícia: “Eu vi o Senhor!” (v. 18).
Carlos Alberto Contieri, sj

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Jesus e o sábado

Mt 12,1-8
Naquele tempo, num dia de sábado, Jesus passou pelas plantações de trigo. Seus discípulos estavam com fome e começaram a arrancar espigas para comer. Vendo isso, os fariseus disseram-lhe: “Olha, os teus discípulos fazem o que não é permitido fazer em dia de sábado!” Jesus respondeu: “Nunca lestes o que fez Davi, quando ele teve fome e seus companheiros também? Ele entrou na casa de Deus e todos comeram os pães da oferenda, que nem a ele, nem aos seus companheiros era permitido comer, mas unicamente aos sacerdotes? Ou nunca lestes na Lei, que em dia de sábado, no templo, os sacerdotes violam o sábado e não são culpados? Ora, eu vos digo: aqui está quem é maior do que o templo. Se tivésseis chegado a compreender o que significa, ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios’, não condenaríeis inocentes. De fato, o Filho do Homem é Senhor do sábado”.

O sábado é dom de Deus
Com poucas variantes, este relato se encontra também nos outros dois sinóticos (Mc 2,23-28; Lc 6,1-5). Trata-se de uma controvérsia acerca do descanso sabático: “… os teus discípulos fazem o que não é permitido fazer em dia de sábado!” (v. 2). Os fariseus são, aqui, os adversários.
Mas o que é permitido fazer em dia de sábado? A cena se passa numa plantação de trigo. Segundo podemos compreender da objeção dos fariseus, em dia de sábado era proibido arrancar as espigas. Jesus responde recorrendo, em primeiro lugar, à história de Davi (1Sm 21,1-10). A fome e a necessidade de manterem em boas condições a vida justificam a atitude de Davi.
Este fato da história de Davi é um exemplo que justifica e ilustra a defesa que Jesus faz de seus discípulos. Jesus interpreta corretamente à Torá, pois ela é dada ao povo de Deus para proteger o dom da vida e da liberdade. O sábado é dom de Deus (cf. Ex 16,29) para recordar a escravidão do Egito e a libertação do povo por Deus (cf. Dt 5,15). Exatamente por isso, no sábado é permitido fazer o bem e salvar uma vida.
Jesus é mais que o Templo, pois nele Deus habita plenamente. Citando Os 6,6, Jesus põe a misericórdia, que supera todo sacrifício, como princípio da ação (ver: Is 58,3-8). O sábado é tempo privilegiado de manifestação do poder salvador do Filho do Homem, poder de dar vida, de fazer viver.
Carlos Alberto Contieri, sj

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Um convite de Jesus

Mt 11,28-30


“Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”

A sabedoria de Deus
“Vinde a mim todos os que desejais, fartai-vos de meus frutos” (Eclo 24,19-21).
Jesus é o Sábio, mais propriamente, a “sabedoria de Deus”, que atrai todos a si para instruí-los na Lei de Deus: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso” (v. 28).
O “jugo” (ou fardo) era uma peça de madeira que se punha sobre o pescoço do animal para equilibrar o peso.
Na tradição bíblica, entre outros significados, ele se refere à Lei (ver: Jr 2,20; 5,5). Ao criticar os escribas e fariseus, Jesus diz que eles: “... amarram pesados fardos sobre os membros dos homens, mas eles mesmo nem com um dedo se dispõem a movê-los” (23,4). Há um modo de interpretar e pôr em prática a Lei que abate, que tira a alegria, expurga a vida. A Lei de Deus é para a vida e a liberdade: “... se ouves os mandamentos do Senhor teu Deus, andando em seus caminhos e observando os seus preceitos, seus estatutos e as suas normas, viverás e te multiplicarás” (Dt 30,16).
“Tomai sobre vós o meu jugo… Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve (vv. 29.30).
A Lei do Senhor é a Lei do amor: “... Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). O amor faz viver, está na origem da vida. O amor é a expressão máxima da vida cristã: “... Ninguém teve mais amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).
O Senhor entregou a sua vida por nós!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Quem é da família de Jesus?

Mt 12,46-50
Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém lhe disse: “Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo”. Ele respondeu àquele que lhe falou: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

Sem se deixar tocar por ele, tudo parece loucura.
O texto nos lembra do final do longo discurso sobre a montanha (5,7): “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor!, Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas o que fez a vontade do meu Pai que está nos Céus” (7,21).
Num texto próprio a Marcos, ele nos dá a razão pela qual a parentela de Jesus vai ter com ele. O contexto é a multidão que incessantemente acorre a Jesus a ponto de não poderem, ele e seus discípulos, alimentar-se. A sua família toma a decisão de ir buscá-lo para levá-lo para casa, pois pensavam que ele estivesse “fora de si” (Mc 3,20-21). Observamos que o termo “irmão”, na linguagem bíblica, abrange os parentes. Ao chegar os familiares acompanhados da mãe de Jesus, eles são anunciados.
Por duas vezes se diz que estão “do lado de fora” (vv. 46.47). Esta sutil observação parece-nos importante: distante de Jesus, sem ouvir sua palavra, seus ensinamentos, sem contemplar o que ele faz em favor da multidão, sem se deixar tocar por ele, tudo parece loucura. É preciso se aproximar, entrar no “círculo” de Jesus, se aproximar e se deixar envolver por sua palavra, para poder fazer a experiência de que “o que é loucura no mundo, Deus escolheu para confundir o que é forte” (1Cor 1,27).
A família que Jesus reúne ultrapassa os laços de sangue, pois é “todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus” (v. 59).

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Festa em Honra a São Francisco de Assis

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A vida eterna acima de qualquer interesse -

Mt 10,34–11,1
 
“Não penseis que vim trazer paz à terra! Não vim trazer paz, mas sim, a espada. De fato, eu vim pôr oposição entre o filho e seu pai, a filha e sua mãe, a nora e sua sogra; e os inimigos serão os próprios familiares. Quem ama pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. E quem ama filho ou filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem buscar sua vida a perderá, e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará. Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem receber um profeta por ele ser profeta, terá uma recompensa de profeta. Quem receber um justo por ele ser justo, terá uma recompensa de justo. E quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequenos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não ficará sem receber sua recompensa.” Quando Jesus terminou estas instruções aos doze discípulos, partiu dali, a fim de ensinar e proclamar nas cidades da região.

 Nenhum laço afetivo pode ser obstáculo para o seguimento de Jesus Cristo.
A lealdade a Jesus e a decisão de segui-lo estão acima de qualquer lealdade e de qualquer outra decisão. Jesus é “o fazedor de paz” (Mt 5,9); ele não promove a guerra nem sequer a discórdia. A sua mensagem é que suscita a hostilidade daqueles que a rejeitam. Os discípulos devem comunicar a paz por onde andarem, mesmo sendo enviados “como ovelhas para o meio dos lobos” (v. 16). Por vezes os inimigos serão os próprios familiares (v. 36). Nenhum laço afetivo deve preceder ao amor por Jesus, pois este é o fundamento e a inspiração de todo amor plenamente humano. Nenhum laço afetivo pode ser obstáculo para o seguimento de Jesus Cristo.
A vida do discípulo, a exemplo da do Mestre, não está na defesa de seus próprios interesses e privilégios, mas na entrega generosa de toda a vida ao Senhor: “… e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará” (v. 39). A identificação do discípulo com o Mestre deve ser tal, que acolher o discípulo é acolher o próprio Senhor. O discípulo é representante de Cristo e portador de sua mensagem, assim como Cristo o é do Pai: “… não venho por mim mesmo, foi o Pai que me enviou” (Jo 8,41).
Carlos Alberto Contieri,sj

quinta-feira, 11 de julho de 2013

A missão dos doze apóstolos

Mt 10,7-15

“No vosso caminho, proclamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai doentes, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar! Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro à cintura; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, pois o trabalhador tem direito a seu sustento. Em qualquer cidade ou povoado em que entrardes, procurai saber quem ali é digno e permanecei com ele até a vossa partida. Ao entrardes na casa, saudai-a: se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. Se alguém não vos receber, nem escutar vossas palavras, saí daquela casa ou daquela cidade e sacudi a poeira dos vossos pés. Em verdade, vos digo: no dia do juízo, a terra de Sodoma e Gomorra receberá uma sentença menos dura do que aquela cidade.”

A missão cristã não é feita só de acolhimento e sucesso.
Aos Doze são dadas as orientações de como realizar a missão e qual deve ser a atitude deles. O anúncio da proximidade do Reino deve ser acompanhado da ação que liberta as pessoas do mal que desfigura o ser humano e as faz experimentar estar distante de Deus. O que é dado gratuitamente por Deus e deve ser oferecido como dom às pessoas, é o Espírito Santo. A vida dos apóstolos está nas mãos de Deus, e a sua segurança não está nos bens deste mundo, mas em Deus somente.
O despojamento é exigido, pois é necessário liberdade para ir aonde se é enviado pelo Senhor, confiar na providência de Deus e viver cada dia sem se preocupar com o amanhã, “pois o trabalhador tem direito ao seu sustento”. O discípulo não é mais que o Mestre que o enviou, por isso Jesus previne os apóstolos da possibilidade de rejeição da mensagem cristã.
O juízo acerca da rejeição da missão cristã cabe somente a Deus. Em todo caso, a missão cristã não é feita só de acolhimento e sucesso, mas também de rejeição e fracasso. Em todas estas situações é preciso manter viva a confiança no Senhor que envia seus discípulos e está presente “todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
O conteúdo da proclamação dos apóstolos é a proximidade do “Reino dos Céus” (v. 7). O que é celeste, o reinado de Deus, é sentido na pessoa de Jesus Cristo e deve ser prolongado historicamente na missão da Igreja.
Carlos Alberto Contieri, sj

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Os doze apóstolos

Mt 10,1-7

Chamando os doze discípulos, Jesus deu-lhes poder para expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doença e de enfermidade. Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e depois André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o cananeu, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. Jesus enviou esses doze, com as seguintes recomendações: “Não deveis ir aos territórios dos pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! No vosso caminho, proclamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’”.

A compaixão de Jesus pela multidão
O capítulo 10 de Mateus é o segundo grande discurso do evangelho, chamado “discurso missionário”.
O envio dos Doze está em relação com a compaixão de Jesus pela multidão que está como ovelha sem pastor (9,36): cansada, abatida, desprotegida, sem rumo, sem voz que a oriente. Para a missão, Jesus concede aos apóstolos, cuja lista Mateus apresenta (vv. 24), “poder para expulsar os espíritos impuros e curar todo tipo de doença e de enfermidade” (v. 1). Esta observação do autor nos permite concluir que a missão dos Doze é a participação na missão do próprio Jesus (ver, p. ex., 9,35). O poder concedido é o poder de Jesus, o Espírito Santo, “força do Alto” (cf. At 1,8).
Os destinatários primeiros da ação missionária são as “ovelhas perdidas da casa de Israel” (v. 6). No final do episódio de Zaqueu, Jesus faz a seguinte declaração: “O Filho de Homem veio buscar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10; Mt 9,13). O objeto da proclamação é a proximidade do Reino de Deus (v. 6). O reinado de Deus se faz presente na pessoa de Jesus, por suas palavras e seus gestos.
Carlos Alberto Contieri, sj

terça-feira, 9 de julho de 2013

A cura de um mudo

Mt 9,32-38

Enquanto os cegos estavam saindo, as pessoas trouxeram a Jesus um possesso mudo. Expulso o demônio, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. Jesus começou a percorrer todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, proclamando a Boa-Nova do Reino e curando todo tipo de doença e de enfermidade. Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos discípulos: “A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!”

“Nunca se viu coisa igual em Israel”
O nosso texto começa evocando o episódio da cena de dois cegos. Agora, é a vez de um mudo. A mudez era, segundo a mentalidade da época, atribuída a um demônio. O mal, é verdade, impede de falar bem, distorce as palavras, impede de proclamar as maravilhas de Deus. Mateus não descreve como se deu a cura; limita-se a observar que “expulso o demônio, o mudo começou a falar”. Tendo presente Isaías 35,5-6, a cena de um mudo é um sinal dos tempos messiânicos.
O contraste entre a reação da multidão (v. 33: “Nunca se viu coisa igual em Israel”) e dos fariseus (v. 34) é visado pelo evangelista. Enquanto a multidão reconhece a novidade, já os fariseus, ícones da resistência a Jesus, proclamam, pela estreiteza de visão, que em Jesus não há nada de novo, ao contrário, ele é instrumento de Satanás.
Os vv. 35-37 preparam o relato do envio dos Doze e o discurso missionário (Mt 10).
O v. 35 é um sumário, um resumo, da atividade de Jesus. Por onde passa, o Senhor vai libertando o ser humano de seus males para que possa viver. A sua própria vida é proclamação e testemunho da proximidade do Reino de Deus. Esta Boa-Notícia se realiza pela palavra e pela ação de Jesus em favor das pessoas. É a compaixão que leva Jesus a ir ao encontro das pessoas e a se deixar encontrar por elas. É com este mesmo sentimento que os Doze deverão realizar a missão que receberão do Senhor.
Necessitarão de mais trabalhadores para socorrer a todos, por isso, é preciso suplicar Àquele que conhece os corações para que conceda a ajuda adequada.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Jesus cura uma mulher e uma menina

Mt 9,18-26

Enquanto Jesus estava falando, um chefe aproximou-se, prostrou-se diante dele e disse: “Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem impor a mão sobre ela, e viverá”. Jesus levantou-se e o acompanhou, junto com os discípulos. Nisto, uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragias veio por trás dele e tocou na franja de seu manto. Ela pensava consigo: “Se eu conseguir ao menos tocar no seu manto, ficarei curada”. Jesus voltou-se e, ao vê-la, disse: “Coragem, filha! A tua fé te salvou”. E a mulher ficou curada a partir daquele instante. Chegando à casa do chefe, Jesus viu os tocadores de flauta e a multidão agitada, e disse: “Retirai-vos! A menina não morreu; ela dorme”. Mas eles zombavam dele. Afastada a multidão, ele entrou, pegou a menina pela mão, e ela se levantou. E a notícia disso espalhou-se por toda aquela região.

Jesus, o Senhor da vida
Entre a súplica de um chefe por sua filha já morta e a chegada na casa deste notário, há o episódio da mulher que sofria de um fluxo de sangue. Nos dois episódios, Jesus irrompe como o Senhor da vida.
No horizonte simbólico antigo, perder sangue significa perder a vida. A hemorragia torna a própria pessoa e quem a toca impura. A fé da mulher está em que ela rompe a barreira da Lei de pureza para tocar na franja da veste de Jesus.
A “franja” era para ajudar a lembrar e a cumprir os mandamentos do Senhor (cf. Nm 15,37-41). Mas a razão dos mandamentos é fazer viver, preservar o dom da vida, não permitir cair na escravidão (cf. Nm 15,41). Tocando Jesus, ao invés de torná-lo impuro, ela é purificada e, pela fé, é salva e recebe o dom da vida.
Jesus chega, então, à casa do chefe. Para os cristãos, os ritos de lamentação fúnebre perderam sentido (ver: 1Ts 4,13-14), já que a morte era comparada ao sono, algo transitório, na espera do despertar da Ressurreição. Aqui é Jesus quem tem a iniciativa de tocar a menina, pegando-a pela mão, como que para despertá-la do sono. É o Senhor da vida que desperta para a feliz ressurreição.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Mateus acolhe e é acolhido

Mt 9,9-13
 
Ao passar, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu-o. Depois, enquanto estava à mesa na casa de Mateus, vieram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se à mesa, junto com Jesus e seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e disseram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os publicanos e pecadores?” Tendo ouvido a pergunta, Jesus disse: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. Ide, pois, aprender o que significa: ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios’. De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores”.

A misericórdia precede e ultrapassa o sacrifício.
Ninguém está excluído do seguimento de Jesus Cristo. O seu chamado exigente é para todos. Mateus, que Jesus chama ao seu seguimento, é coletor de impostos, isto é, pecador público (ver: Lc 19,7). O relato de Mateus omite que a refeição tenha sido na casa de Levi, ao contrário de Marcos e Lucas, que o dizem explicitamente (Mc 2,15; Lc 5,29). Em Marcos e Lucas, a refeição oferecida por Levi tem um tom de despedida de sua vida anterior. Aqui em Mateus, a impressão é que Jesus acolhe na sua própria casa os coletores de impostos e pecadores (cf. v. 10). O autor do quarto evangelho fará o Senhor dizer: “Na casa de meu Pai tem muitas moradas” (Jo 14,2). A pergunta dos fariseus é dirigida aos discípulos de Jesus (cf. v. 11), mas é Jesus quem toma a iniciativa de respondê-la (cf. v. 12-13), pois é a ocasião de explicitar sua missão: “De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores” (v. 13). A citação de Os 6,6 (“é misericórdia que eu quero, e não sacrifício”), e repetida em Mt 12,7, deve funcionar como princípio de ação. A misericórdia precede e ultrapassa o sacrifício.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Jesus cura um paralítico

Mt 9,1-8
 
Entrando num barco, Jesus passou para a outra margem do lago e foi para a sua cidade. Apresentaram-lhe, então, um paralítico, deitado numa maca. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Coragem, filho, teus pecados estão perdoados!” Então alguns escribas pensaram: “Esse homem está blasfemando”. Mas Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: “Por que tendes esses maus pensamentos em vossos corações? Que é mais fácil, dizer: ‘Os teus pecados são perdoados’, ou: ‘Levanta-te e anda’? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados – disse então ao paralítico –, levanta-te, pega a tua maca e vai para casa”. O paralítico levantou-se e foi para casa. Vendo isso, a multidão ficou cheia de temor e glorificou a Deus por ter dado tal poder aos seres humanos.

“Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!”

O mal não só desfigura o ser humano, mas faz com que ele sinta Deus distante. Este mesmo relato encontra-se em Marcos e Lucas, com traços típicos de cada um dos evangelistas (Mc 2,1-12; Lc 5,17-26). A paralisia é uma doença incurável; é como se a pessoa fosse um “morto vivo”, como dizemos coloquialmente. O ponto de partida tem de ser a fé capaz de reconhecer que para Deus nada é impossível. É esta fé, da qual Jesus se admira, que impulsiona aqueles anônimos a levarem o paralítico diante de Jesus. Na antiguidade bíblica, a enfermidade está ligada ao pecado. Por esta razão, a cura é precedida pela palavra que liberta: “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados!” (v. 2). Em Marcos 2,7, é sugerido que só Deus pode perdoar pecados. Por isso, os letrados dizem que ele blasfema. Mas a blasfêmia não está no perdão oferecido; o mal está no pensamento dos opositores de Jesus, que se recusam a reconhecer que ele é o Filho do Homem e tem o poder de perdoar os pecados. A Igreja, povo que o Senhor reúne, é o lugar do perdão e da reconciliação. A comunidade cristã é a comunidade dos reconciliados.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Jesus e Tomé

Jo 20,24-29
Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe: “Nós vimos o Senhor!” Mas Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, os discípulos encontravam-se reunidos na casa, e Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!” Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Creste por que me viste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!”

Para crer não é necessário ver
Habitualmente, Tomé é taxado unicamente como o homem da dúvida ou da falta de fé. Ele, gêmeo da comunidade cristã, é igualmente o homem da fé: “Meu Senhor e meu Deus!” (v. 28). Com a sua profissão de fé praticamente termina o evangelho segundo João. O episódio de Tomé ilustra como a comunidade cristã chega à fé em Jesus Cristo, ressuscitado dentre os mortos. Tomé não acolheu o testemunho dos discípulos que disseram: “Nós vimos o Senhor” (v. 25). Nisto, exatamente, consistirá a repreensão do Senhor a ele: “Creste por que me viste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!” (v. 29). A fé é fundamentalmente testemunho aceito e transmitido. Ninguém tem acesso imediato ao fato do Cristo Ressuscitado. Nosso acesso se dá através da transmissão daqueles que foram testemunhas oculares do acontecido com Jesus (cf. Lc 1,1-4). Através do testemunho deles, nós podemos experimentar os efeitos da ressurreição do Senhor em nós.
Carlos Alberto Contieri, sj

terça-feira, 2 de julho de 2013

Jesus acalma a tempestade

Mt 8,23-27

 
Então Jesus entrou no barco, e seus discípulos o seguiram. Nisso, veio uma grande tempestade sobre o mar, a ponto de o barco ser coberto pelas ondas. Jesus, porém, dormia. Eles foram acordá-lo. “Senhor”, diziam, “salva-nos, estamos perecendo!” – “Por que tanto medo, homens de pouca fé?”, respondeu ele. Então, levantando-se, repreendeu os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. As pessoas ficaram admiradas e diziam: “Quem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”


“Por que tanto medo, homens de pouca fé?”

Jesus entra no barco seguido por seus discípulos para fazer uma travessia à outra margem do Lago (cf. v. 18). A travessia é feita de surpresa, pois ela pode ser dificultada pelos ventos que levantam as ondas, as quais ameaçam o barco e seus ocupantes (v. 24). No universo simbólico da tradição bíblica, o mar evoca o mal e a morte. Enquanto Jesus dorme (ver: Jn 1,4-6), os discípulos se apavoram: “Senhor, salva-nos, estamos perecendo!” (v. 25). A menção de que Jesus dormia pode aludir à sua morte. Ao discípulo é exigida confiança, não importa em que situação: “Por que tanto medo, homens de pouca fé?” (v. 26). O medo é contrário à fé. E o discípulo só será plenamente livre quando superar, pela fé, o medo da morte. Jesus repreende o mar como se estivesse expulsando um demônio (cf. Mc 1,21-28). Sua palavra é eficaz como é eficaz a Palavra de Deus, que domina sobre as ondas do mar (Sl 68[67],2; Sl 89[88],10). O Senhor acordado do seu sono domina o mal, vence a morte; sua presença dá segurança, pois a sua vitória permite continuar a travessia, a peregrinação pela história. Mas “quem é este que até os ventos e o mar obedecem?” (v. 27). Cabe a cada um que se encontra diante do Senhor responder.
Carlos Alberto Contieri, sj

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Algumas pessoas que queriam seguir Jesus

Mt 8,18-22
Vendo uma grande multidão ao seu redor, Jesus deu ordem de passar para a outra margem do lago. Nisso, um escriba aproximou-se e disse: “Mestre, eu te seguirei aonde fores”. Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. Um outro dos discípulos disse a Jesus: “Senhor, permite-me que primeiro eu vá enterrar meu pai”. Mas Jesus lhe respondeu: “Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os seus mortos”.

A liberdade diante do seguimento de Jesus
O relato de vocação do evangelho de hoje se encontra, também no evangelho de Lucas, porém, com diferenças importantes (9,57-62). Em Lucas há três anônimos que recorrem a Jesus: o primeiro e o terceiro tomam a iniciativa (vv. 57.61), enquanto o segundo é chamado por Jesus (v. 59). Em Mateus, um escriba toma a iniciativa (v. 19), e também um entre os discípulos, que põe uma condição ao chamado de Jesus (v. 21). Ao escriba disposto a seguir Jesus, ele alerta que a vocação do discípulo é itinerante e exige desapego: “As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (v. 20). Ao outro, que não sabemos se a iniciativa foi dele ou de Jesus, o Senhor adverte que não há nada que possa anteceder ou retardar o seguimento. Se ninguém é excluído do seguimento de Cristo, é verdade, igualmente, que ninguém pode pôr condições para segui-lo.