Mt 17,10-13
Os discípulos perguntaram a Jesus: "Por que os escribas dizem que primeiro deve vir Elias?" Ele respondeu: "Sim, Elias vem; e porá tudo em ordem. E eu vos digo mais: Elias já veio, e não o reconheceram. Pelo contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles." Então os discípulos compreenderam que ele lhes havia falado de João Batista.
Jesus fala do Batista
No tempo de Jesus manifestavam-se expectativas messiânicas diferenciadas dentro do judaísmo. O messianismo mais antigo se estabelecia em torno da figura de Davi, e deixara profundas raízes entre o povo. A tradição apresentava Davi como rei ungido (messias ou cristo) poderoso que criara um grande império, alimentando com isto o orgulho nacionalista de Israel. Sob o jugo de outros impérios, sonhava-se, então, com um novo Davi. A tradição retinha também a figura de Moisés, libertador da opressão sob o Egito e legislador. Moisés reúne as características de profeta e messias libertador. E a figura carismática e popular de Elias, profeta do norte, entra também, tardiamente, nas expectativas messiânicas. Esta se baseia nos últimos versículos do profeta Malaquias (3,22-23), de acordo com a interpretação de alguns grupos de escribas. Elias caracterizara-se pela denúncia do rei Acab com suas infidelidades e injustiças. As expectativas messiânicas populares em torno de Elias poderiam significar a insatisfação com o poder teocrático em vigor entre os judeus. Jesus reconhece em João Batista e nele próprio características comuns com Elias. Reconhece, particularmente, que o fim violento de João Batista será também o seu fim.
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