quarta-feira, 26 de outubro de 2011

ROMARIA DIOCESANA (JUBILEU) EM SÃO LUIS

Segue na íntegra a Homilia de Dom Carmelo Scampa:
 
Caríssimos Irmãos e Irmãs encerramos o Jubileu dos cinqüenta anos de criação de nossa Igreja Particular com a solene Ação de Graças por tudo o que Deus nos proporcionou através da ação evangelizadora de tantos homens e mulheres que acreditaram no projeto de Jesus e o fizeram chegar até nós.
À ação de graças se acompanha o compromisso de iniciar o segundo capítulo de nossa história com um renovado espírito de comunhão e de missão. Dois aspectos me ajudam a refletir neste momento: a Metáfora da CONSTRUÇÃO ( 1 Cor 3, 5-16) e o lugar onde celebramos a Eucaristia: o GINÁSIO DE ESPORTE.
Nascemos como Igreja em um dos tempos mais empolgantes da história contemporânea: a preparação e a celebração do Concilio Vaticano II. O Beato João XXIII criava a Prelazia de São Luis de Montes Belos em 25 de novembro de 1961 e o Concílio abria seus trabalhos em 11 de outubro de 1962. Tivemos como bispo - por 25 anos - Dom Stanislau van Mellis que viveu o Concilio e transmitiu com todo esforço o espírito conciliar para esta jovem Igreja. Nosso compromisso futuro, portanto, deverá ser marcado e orientado pelas grandes intuições eclesiais que nasceram daquele evento fruto do Espírito.
Deixemo-nos conduzir brevemente pelas orientações da Palavra que acabamos de ouvir.
METÁFORA DA CONSTRUÇÃO
Iniciamos nossa Romaria na frente da Catedral que está em reforma e ampliação. Paulo escrevendo aos Corintios nos compara ao “edifício de Deus” (1 Cor 3, 9). Nos fez compreender muito bem que cada um é simplesmente um “ cooperador de Deus”. Apolo, Paulo são simples “servidores”. Um planta, outro rega, mas é Deus que faz crescer. A visão de Paulo é muito concreta e dinâmica e abre para reflexões pertinentes neste momento jubilar, aptas para recuperar o essencial na construção permanente da Igreja Diocesana. Não poucas vezes a história de uma Igreja é vista a partir de seus líderes: i é engano porque completamente contrário à realidade das coisas.
1. Em primeiro lugar o Projeto de Igreja não é nosso, o recebemos na íntegra e não temos liberdade de modificá-lo “ninguém pode colocar outro fundamento do que foi posto: Jesus Cristo” (v. 11). Há características fundamentais que constituem o trilho obrigatório do trabalho eclesial: a unidade, a santidade, a catolicidade, a apostolicidade. A Planta baixa da construção é de autoria divina.
2. A construção se da com a cooperação de muitas pessoas e serviços diferentes: além do engenheiro, do arquiteto, é preciso um mestre de obras, pedreiros, serventes, encanador, eletricista, ferragista, carpinteiro, serralheiro, pintor.
3. Para construir é necessário material diferente: tijolo, pedra, água, brita, cimento, ferro, madeira, areia, telhas, tinta, estrutura metálica. A falta de algo acaba travando o procedimento.
4. Precisam muitos instrumentos para fazer acontecer os trabalhos: pã, enchada, marreta, cavadeira, martelo, colher de pedreiro, betoneira, furadeira, carrinho de mão, prumo, pincel, andaime, guincho.
5. As etapas de uma construção são diferentes e todas necessárias: terraplanagem, alicerce, levantamento das paredes, reboco, acabamento, pintura etc
A construção da Igreja não foge de tudo isso. Daí a necessidade de tomar consciência que somente unindo forças se poderá tornar a Igreja Diocesana imagem transparente de Cristo Jesus.
Não se constrói a Diocese somente pelo trabalho de dom Stanislao, dom Washington, dom Rubens, dom Carmelo, o Clero, as Religiosas: é um trabalho coletivo e bem coordenado, caso contrário não dá em nada. Sem um número qualificado de catequistas, ministros da Palavra, coordenadores de pastorais e de todas as pastorais, uma Igreja se paralisa totalmente. Sem instrumentos de trabalhos adequados também não se concretiza a teoria bonita que podemos elaborar no Planos de Pastoral.
Além disso a construção harmônica da Igreja segue etapas obrigatórias: não podemos começar do telhado. Isso pode dar a impressão de não estar fazendo nada ou de não responder ao que o povo pede. Mas sem aceitar de viver o período que nos foi concedido de trabalhar, acabamos atrapalhando o conjunto. Quem prepara o terreno para a futura construção pode ter a impressão de não estar fazendo nada; quem passa longas semanas cavando o alicerce exteriormente não está mostrando serviço; quem entra na fase do acabamento não termina nunca e coloca a paciência dos donos a prova de bala. Cada um de nós dá a sua contribuição para que o projeto global aconteça. A sabedoria de Paulo é grande quando diz “ aquele que planta e aquele que rega são iguais entre si... porque cooperadores de Deus” ( v 8-9).
Isso nos ajuda a superar visões restritas de Igreja, a não fazer julgamentos precipitados, acepções de pessoas. Olhando uma construção nem sempre conseguimos entender o projeto, mas cada momento da construção é importante para que o projeto se realize.
Estamos ainda no início da construção de nossa Igreja Diocesana. É preciso se armar de humildade, assumir a espiritualidade do “servo inútil” e sobretudo aprofundar a espiritualidade da comunhão e da unidade, qualidades e virtudes indispensáveis para que o projeto de Deus se concretize. 

SIMBOLISMO DO GINÁSIO
 
Em nossas celebrações normalmente fazemos o processo inverso daquilo que fizemos hoje: de um lugar profano vamos para um lugar sagrado e aí celebramos a Eucaristia. Hoje saímos da Catedral para o Ginásio de Esporte da Cidade de São Luis. Vejo nisso um apelo forte de Deus para que nossa Igreja faça um caminho missionário mais significativo, esteja dentro das realidades do mundo com a força e a luz do Evangelho, assumindo a simbologia e a logica do “sal, fermento e luz”.
Existe uma estridente dicotomia entre o sagrado e o profano, a vida concreta e a fé, a política e a religião etc. Estamos longe da vida real e pior aumentam os grupos de cristãos que se fecham em si mesmos e não entendem mais com suficiente clareza o imperativo de Jesus “Ide e fazei discípulos meus todos os povos” (Mt 28); “o que fizestes ao mais pequenino destes meus irmãos é a mim que o fisestes” (Mt 25).
A Carta a Diogneto oferece uma reflexão muito bonita: “o cristão no mundo é como a alma no corpo...”
• O Concilio Vaticano II despertou a consciência da missão da Igreja no Mundo, sobretudo no documento Gaudium et spes. Ajudou a pensar que “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angustias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração” (GS n.1) Nosso caminho pastoral será marcado por grandes desafios que precisamos assumir juntos. Se Deus quiser abriremos a Casa de Recuperação para dependentes químicos, isso não é tudo, é uma pequeníssima gota d´água num oceano de sofrimentos e desesperos cotidianos.
• O Ginásio onde nos encontramos ajuda e desperta também a necessidade urgente de se abrir para a missão. Missão, em primeiro lugar, não é ir para fora para anunciar o evangelho, é estar onde estamos testemunhando como adultos a própria Fé. Talvez nunca como hoje o povo sente a urgente necessidade de sentidos e valores altos e pede uma autêntica evangelização: sentidos e valores para a própria vida e não simplesmente a difusão de práticas religiosas, de devoções particulares, ou insistências sobre detalhes restritos da vida de fé.

• A missionariedade tem também uma dimensão ad extra, ad gentes. Como sinal disso enviamos uma equipe de missionários na arquidiocese de Manaus, Amazonia que em nome desta Igreja Diocesana manifestem nossa gratidão a Deus que nos ter dado até agora gratuitamente a força do Evangelho e como sinal de solidariedade e colaboração com quem precisa mais do que nós. É pouca coisa, mas estamos dando de nossa pobreza como nos pede o Documento de Aparecida e as Novas Diretrizes da ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. São eles: Padre Fernando de Jandaia, Irmã Elfriede de São Luis, Daniella de Anicuns. 

CONCLUINDO
 
Queridos Irmãos e Irmãs. Nesta hora nos invade um sentimento de GRATIDÃO: “Que poderei retribuir ao Senhor por tudo aquilo que Ele nos deu?” Obrigado Senhor!
Juntos olhamos para o futuro com ESPERANÇA e CONFIANÇA. O Deus que se mostrou presente e operante nestes anos, temos certeza que ainda nos diz: “Não tenhais medo, eu estarei convosco todos os dias”
Queremos assumir juntos o caminho de nossa Igreja Diocesana porque “ a cada um foi data uma manifestação particular do Espírito para o bem comum” (1 Cor 13). Portanto, somente na lógica da comunhão e da unidade se pode construir e crescer-.
Queremos assumir a MISSÃO e o TESTEMUNHO como caminho normal da Igreja de Jesus, levedando a realidade e sendo construtores de esperança e de vida.
Maria, Mãe da Santa Esperança e São Luis Gonzaga acompanhai esta jovem igreja feliz.


Abaixo as fotos:


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